sexta-feira, 8 de março de 2024


                            


                      o futuro doente





 

 

Assim migram os anseios e desforços que se fundem 

no mesmo abraço.

A nova ordem flutua sobre as estátuas despertas.

Acorda os mortos, sacode as crinas dos sonos gementes.

Coopta os sistemas, as máquinas, as urnas.

Assiste o futuro doente, os lunáticos que tramam

as penas do mundo.

Que resiste aos mistérios do tempo, voa sobre

bordéis e igrejas com a mesma desenvoltura.

Desloca-se para onde o bem e o mal convivem

pacificamente.

Dorme na penumbra das auroras ornadas de esqueletos

e labirintos de esperança.

Desce aos porões da miséria coalhados de fantasmas.

Se antoja de um poder afeiçoado aos malditos que regressam.

Do intocado abismo provê a saga de arbítrios e fuzilamentos.




 




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