domingo, 10 de março de 2024



                              rendição





Esta fugaz felicidade que caminha

à sombra de todas as desventuras, 

formulando hipóteses,

imersa em cantares lassos,

remonta, paradoxalmente,

à própria perda de cada coisa amada.

Cuja ausência, arduamente trabalhada, 

cuidadosamente talhada,

vem de ser a rendição à natureza pueril

da vida.

À transitoriedade de tudo.

À arte de destruir o mundo, 

reconstruindo-o.



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