terça-feira, 30 de abril de 2024


                    refugos do mundo


A urbe silencia entre imagens gastas.

A multidão rasteja como uma centopeia cega,

sem rumo e sem saída.

Arrastando renques de torturadas vértebras,

sob o olhar duro de um vil magistrado.

A espaventosa guirlanda de valores necrosados

envergonha os noticiários.

Nem os pensamentos escapam a censura.


Inútil contestar a máquina fóssil que persegue 

convulsos féretros.

O monstro togado escogita iniquidades impudentes.

Palavras a esmo desdenham dos patriotas castrados,

enquanto a urbe estronda parlengas ludopédicas.

Refugos do mundo monopolizam as atenções.

Águas do dilúvio ancestral lava os confins da terra.

Enquanto o pior não chega.



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