domingo, 7 de abril de 2024



                               never say never





 



nunca mais joguei bola, o quadril não deixa.

nunca mais chupei cana, mas assoviar ainda consigo.

nunca mais beijei a Ana, casou e está cheia de filhos.

nunca mais amanheci na farra, nem nunca gostei.

nunca mais vi o sol nascer na praia, mas tudo bem,  

prefiro o entardecer.

nunca mais pesquei no Jacuí, sem meu saudoso pai 

não teria graça.

nunca mais tomei banho de arroio, difícil achar um

que não esteja poluído.

perdi de vista meus melhores amigos.

nunca mais estive onde nasci, há um lado em mim 

que já morreu.

nunca mais chutei um gato nem matei passarinho

de bodoque,

mas ainda colho fruta no pé no sítio do sogro.  

nunca mais me apaixonei

nem comi uma virgem

mas chorar de alegria bem que eu queria.

never say never está sempre nos assombrando.



 

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