domingo, 19 de maio de 2024

                      o palhaço da Criação




Justiça seja feita à espécie humana : não há nada

mais tosco e degenerado no reino de Deus.

Filho enjeitado da mãe natureza, o seu apogeu 

é a própria ruína da civilização.

Progredir, possuir, custe o que custar,

é tudo o que lhe importa.

O desejo do desastre o acompanha.

Desejo de dores e de mortes.

A máscara do heroísmo acalenta os dias difíceis.

Chafurdando entre estupidez e fragilidade.

Sempre propenso à autoenganar-se, a acreditar em 

vigaristas e charlatões.

A razão lentamente triturada pela ambição desenfreada

e desejos inconfessos.

Comungando a tola crença da superioridade humana 

no processo evolutivo.

Em sendo frágil feito uma tartaruga sem casco.

Vulnerável até a simples moscas e mosquitos.

Sem sequer um rabo para espantá-los.

Pobre ser metido à besta, quanto mais estudado

à luz da ciência, mais sua existência 

carece de significado.

Vem de longe o bulício das multidões estigmatizadas.

O clamor fresco das tragédias impregnado de nonsense 

barato.

Quem, senão ele próprio, a persuadir-se dos maiores

disparates ?

Uma gama infinita de "verdades" lastreadas na ilimitada 

força da crendice humana.

Entre as quais, coisas abstratas como a existência da alma 

e o poder da fé.

Que não obstante o total fracasso em tentar 

comprová-los, nunca impediu 

o homem de acreditar que existam.  

E como tal, ser capaz de entrar em contato com Deus, 

até mesmo de assemelhar-se ao todo-poderoso.

De tanto viver o insano, o desamparo, torna-se o 

próprio reductio ad absurdum da natureza animada.

O palhaço da Criação.



"A fé pode ser definida como uma crença ilógica na ocorrência 

de algo improvável" (H.L.Mencken)







  


















  




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