o palhaço da Criação
Justiça seja feita à espécie humana : não há nada
mais tosco e degenerado no reino de Deus.
Filho enjeitado da mãe natureza, o seu apogeu
é a própria ruína da civilização.
Progredir, possuir, custe o que custar,
é tudo o que lhe importa.
O desejo do desastre o acompanha.
Desejo de dores e de mortes.
A máscara do heroísmo acalenta os dias difíceis.
Chafurdando entre estupidez e fragilidade.
Sempre propenso à autoenganar-se, a acreditar em
vigaristas e charlatões.
A razão lentamente triturada pela ambição desenfreada
e desejos inconfessos.
Comungando a tola crença da superioridade humana
no processo evolutivo.
Em sendo frágil feito uma tartaruga sem casco.
Vulnerável até a simples moscas e mosquitos.
Sem sequer um rabo para espantá-los.
Pobre ser metido à besta, quanto mais estudado
à luz da ciência, mais sua existência
carece de significado.
Vem de longe o bulício das multidões estigmatizadas.
O clamor fresco das tragédias impregnado de nonsense
barato.
Quem, senão ele próprio, a persuadir-se dos maiores
disparates ?
Uma gama infinita de "verdades" lastreadas na ilimitada
força da crendice humana.
Entre as quais, coisas abstratas como a existência da alma
e o poder da fé.
Que não obstante o total fracasso em tentar
comprová-los, nunca impediu
o homem de acreditar que existam.
E como tal, ser capaz de entrar em contato com Deus,
e até mesmo de assemelhar-se ao todo-poderoso.
De tanto viver o insano, o desamparo, torna-se o
próprio reductio ad absurdum da natureza animada.
O palhaço da Criação.
"A fé pode ser definida como uma crença ilógica na ocorrência
de algo improvável" (H.L.Mencken)
Nenhum comentário:
Postar um comentário