quarta-feira, 14 de agosto de 2024


                                   a arca de Noé



Um iceberg flutua emocionado

no Mar do Norte. 

À procura, quem sabe, de um lugar que não

lhe pertença.

O enigma glacial bafeja novos ares.

Sob o brilho monstruoso das ruas londrinas,

poças d`água sonham com James Bond.

O cenário desfigura-se em rotas antigas.

A cronologia acústica remonta ao chifre dos vikings.

Meteorologistas piram, antevendo o naufrágio do Tâmisa.

Sem palavras, o monolito interrompido descreve o secreto

arco do passado.

Não quero a minha volta o que a realidade não suporta.

O entendimento não alcançado derrete a metonímia

das metáforas.

O degelo iminente requer novas arcas de Noé.

Em que os bichos querem ser humanos.





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