quinta-feira, 7 de novembro de 2024



              sêmen sujo





Quando a vida desossada encarna

o entusiasmo das torturas,

assombros infernais abraçam o silêncio 

investido de retóricas complacentes.

O sono cansado espera o azado perquirir 

de quem erra. 

Nada é pouco para o finito.

A força que nos impele envelhece cercada de zelos.

Água sem fonte escorre das paisagens defasadas.

Bocas sem haustos louvam o esplendor do desconhecido.

De ramo em ramo as flores se alteiam, possuídas.

Afogados na lama, gerações de boçais 

glorificam o sêmen sujo.

Uma vez expostas as qualidades estéreis,

a verdade engasga com a falsa fala

e o peixe pesca o pescador.


Nada permanece.

Não há vitória nem derrota.

Não há guerra nem paz.

Não há conquistas nem fracassos.

Não há dor nem prazer.

Nada que dure para sempre.

A razão que enlouquece atesta o jugo emocional.

O que nos impede de ganhar dinheiro

é o que nos impede de ser avaro. 

O focinho da besta deixa-se acariciar

brutalmente,

vorazmente,

posto que aceito

o pacto

o arguir aristotélico

penetrando a grave célula

em que tudo afunda

enquanto se aprofunda 

a perpétua face dos infortúnios.

























 



   

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