sêmen sujo
Quando a vida desossada encarna
o entusiasmo das torturas,
assombros infernais abraçam o silêncio
investido de retóricas complacentes.
O sono cansado espera o azado perquirir
de quem erra.
Nada é pouco para o finito.
A força que nos impele envelhece cercada de zelos.
Água sem fonte escorre das paisagens defasadas.
Bocas sem haustos louvam o esplendor do desconhecido.
De ramo em ramo as flores se alteiam, possuídas.
Afogados na lama, gerações de boçais
glorificam o sêmen sujo.
Uma vez expostas as qualidades estéreis,
a verdade engasga com a falsa fala
e o peixe pesca o pescador.
Nada permanece.
Não há vitória nem derrota.
Não há guerra nem paz.
Não há conquistas nem fracassos.
Não há dor nem prazer.
Nada que dure para sempre.
A razão que enlouquece atesta o jugo emocional.
O que nos impede de ganhar dinheiro
é o que nos impede de ser avaro.
O focinho da besta deixa-se acariciar
brutalmente,
vorazmente,
posto que aceito
o pacto
o arguir aristotélico
penetrando a grave célula
em que tudo afunda
enquanto se aprofunda
a perpétua face dos infortúnios.
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