de grão em grão
O novo tempo se sobrepõe ao abismo de si mesmo.
O homem transcendental consome seu próprio tumor maligno
em lascivas elocubrações.
O dolce staccato de não ver recompõe-se em escrutínios secretos.
A desordem do lugar de tudo chega aonde não há mais recomeço.
As promessas elevam-se num clamor maior que a esperança.
À reboque das imposturas, o amor cai em desuso.
A cor mortiça das prebendas pende entre a graça
e a desgraça.
Luz e treva coabitam acordos fraticidas.
O engodo é o pão nosso de cada dia.
Como se dizia antigamente, de grão em grão
a galinha enche o papo.
Os desejos se exaurem em lentas passagens.
O martírio da vida percorre o sentido das horas,
sob pálpebras de chumbo.
Sem retorno, a felicidade incria sebes novas.
A banalidade da existência deixa-se existir
à beira do colapso.
Fiel a seus próprios malfadados desígnios.
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