metamorfoses
Nada mais difícil do que ver o mundo
pelos olhos dos outros.
Medir, sentir, sopesar sob o mesmo prisma.
Arguir silêncios e astúcias.
Absorver toda forma de vida como se fosse única,
una, unívoca.
Entender as razões alheias, por mais absurdas
e estapafúrdias.
A fim de elaborar um entendimento exato e seco.
Ver o mundo pelos olhos dos outros.
Para entender seus motivos.
Para ser múltiplo e indivisível.
Abrangente no presente inconcluso.
Complacente no passado impreciso.
Sobranceiro como um corpo de baile.
De dentro, por dentro, as palavras sem ventre
inventam o lusco-fusco da noite,
as bordas dos penhascos,
os cascos surdos
de todas as coisas que habitam a véspera.
Que doce alento o inexistente abriga ?
A transparência dos dias segrega os recessos da vida.
Inoculada de secretas possessões.
O aparato sem sofisticação de acontecimentos inadiáveis
engendra a gênese das palavras.
Tudo se perde e se desfaz na roda-viva da convivência.
Metamorfoses são sempre bem-vindas.
Para que possamos ver o mundo pelos olhos dos outros.
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