o fim do amor
Não,
não é o fim do amor o que mais dói.
O fim do amor a gente nem sente.
Matamos o bicho aos poucos todos os dias.
Negligenciando, aprontando, deixando de fazer.
O fim do amor se dá aos poucos.
Sem manutenção, sem cuidado,
é como um carro, um dia quebra,
te deixa na mão.
Simplesmente acaba.
Muito mais sofrido, dolorido, é descobrir
que nem amor existia.
Que se vivia uma farsa.
Farsa que também aos poucos se revela.
Sem fantasia,
sem magia,
sem poesia.
Não,
não é o fim do amor o que mais dói.
Pior é ter vivido algo que foi,
sem nunca ter sido.
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