quarta-feira, 15 de outubro de 2025


                                   mulher objeto



Não faço mais planos.

Me contento em espantar o tédio.

Para tudo mais não há remédio.

O imprevisível continua cumprindo sua função.

Sabotando o coração.

Não respeita tratos.

Torna tudo em vão.


Amo a vida, apesar de tudo.

Amo tudo que é mudo, infecundo.

E até o eventualmente imundo.

Amo o obscuro, o que refulge no escuro.

Não necessariamente belo, muito menos puro.

Apenas e tão somente, humano.


Amo o imprevisto, o improvável.

O obsceno, o ordinário.

E acima de tudo, o palpável.

O que possa ser comprado

por um preço razoável.


Amo você, mulher objeto, 

sem coração, 

promíscua por vocação.

Fiel ao lema que é dando que se recebe. 



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