quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

 



A gente tem um vício estranho em transformar sofrimento em mérito. Acreditamos que o amor verdadeiro precisa ser uma batalha épica, uma conquista diária suada, um quebra-cabeça faltando peças. Se é fácil, a gente desconfia. Se é tranquilo, achamos monótono. E, nessa busca doentia por adrenalina, nos tornamos reféns de gente complicada.


Gente que não sabe o que quer, que some, que te deixa pisando em ovos, que muda de humor como quem troca de roupa. Você deixa de ser parceiro para virar terapeuta, um decifrador de códigos, tentando encontrar afeto nas migalhas de um silêncio cruel e calculado.


Você gasta sua melhor energia tentando “consertar” o outro, como se o seu amor fosse uma ferramenta mágica capaz de desentortar caráter. Mas a verdade brutal, que a gente evita encarar, é que você está tentando recitar poesia para quem não sabe nem o alfabeto. Não é mistério, é analfabetismo emocional.


Essas pessoas são incapazes de decifrar a sua alma não porque você é complexo demais, mas porque elas são limitadas demais. Elas não têm as ferramentas básicas para lidar com a profundidade e a lealdade que você coloca na mesa. A complexidade delas não é charme, é confusão. E você fica aí, se esgotando, tentando ensinar uma língua estrangeira para quem não tem o menor interesse em ser fluente em você.


Chega uma hora que a exaustão precisa vencer a teimosia. É urgente limpar a visão e aceitar o óbvio. Pare de romantizar pessoas difíceis. Amor bom é leve, presente e recíproco. O amor real não te deixa com gastrite nervosa esperando uma mensagem que nunca chega. Ele não te faz duvidar da sua sanidade. Ele é a calmaria no fim do dia, não a tempestade que destelha a sua casa.


É ter alguém que facilita, que soma, que está ali por inteiro sem que você precise implorar ou desenhar. Não confunda frieza com mistério, nem instabilidade com intensidade. Pare de tentar ser a exceção na vida de quem faz da regra o descaso. Sua alma merece descansar em alguém que entenda, sem legendas, a sorte imensa que é ter você por perto.

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De um coração intenso para corações

intensos,


Marcos Adriano (Facebook)

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