sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019




Aviso aos navegantes :
muito cuidado ao cruzar com essa moça.
É ladra




                             
                           De corações.



                               ingênua crença  






Nada nos salva, nada nos redime,
a não ser a crença ingênua de que Deus tudo perdoa
desde que nos arrependamos.

Mas e daquilo que não nos arrependemos ?
das maldades, safadezas, vilanias, traições
                  que vivemos cometendo ? 
deliberadamente.
recorrentemente.
prazerosamente.

Não, nada nos salva,
nada nos redime,
a não ser a crença ingênua 
de que Deus tudo perdoa...



quarta-feira, 30 de janeiro de 2019



                     o réquiem do apocalipse







Barragens-bomba-relógio dizimam lugarejos inteiros.
Viadutos desmoronam na selva de pedra.
Logo serão prédios vetustos a cair, 
o solo se abrirá para expelir lixo e fezes.
Nas cidades superpovoadas, mendigos disputarão território
com ratos e baratas,
e formarão uma irmandade que sobreviverá
ao Apocalipse.
Haverá mais carros do que gente. 
Filas intermináveis congestionarão ruas e rodovias,
onde se abrirão enormes crateras,
engolindo passantes e veículos.
As cidades se tornarão inabitáveis, 
de tanta gente.
Sem emprego suficiente, 
haverá mais ladrões e prostitutas do que trabalhadores - se é
que já não há.
Chegará o dia em que não haverá comida suficiente,
água suficiente.
Lixões dominarão a paisagem, as praias contaminadas, 
e a falta de saneamento básico 
disseminará enfermidades 
e doenças letais.
Não tardará para que as mudanças climáticas se intensifiquem,
os rios sequem, as geleiras derretam, os oceanos avancem, 
espalhando destruição e dizimando populações inteiras.
Tudo devidamente documentado e transmitido em stremming,
com direito a selfies e tudo mais.
Para que os herdeiros do que sobrar do planeta
- se é que haverão - possam entender o que aconteceu.
E começar tudo de novo. 
O réquiem do apocalipse já começou.







                    lúcida quietude


Às vezes me sinto como se já não existisse,
como se já tivesse feito 
o que poderia ter feito.
E em já não podendo desfazer os malfeitos,
vivendo apenas para gastar o tempo.

Sinto como se a vontade e os pensamentos
já não importassem. 
Sem mais me importar com coisas 
que não posso mudar.
Sem nada a aspirar a não ser me juntar
aos que debaixo da terra repousam.

Ainda haverá um tempo para mim ?
Ainda haverá chance de me redimir ?
Só resta esperar.
Só o tempo dirá.
Livrar-me do passado para me libertar, 
              eis o caminho.
Nem queda, nem ascensão. 
Nem pausa, nem fruição.
Passado e presente se enlaçam,
para fazer o futuro.
Na lúcida quietude de quem mais nada espera. 












 

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

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