sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019


                                 breve enleio







A juventude que me foi tão grata,
de sóis ardentes trespassada,
agora que os lenitivos se tornam necessários,
                           parece-me ainda mais distante e mágica.

Como quem foi alto demais, súbito a queda vertiginosa,
à exigir uma vã nobreza de meu espírito humilhado.
No ocaso dos sentimentos, se aprofunda o fascinante abismo, 
no qual o amor malsão acena, gracioso e sepulcral. 
Na revelação brutal de cada dia, à míngua de qualquer 
outra razão para viver, traço meu caminho
                      para além da esperança e do desespero. 
Agora que a vida perfeita se perdeu, e a vida sonhada 
se gastou, 
contenta-se o perdido coração com qualquer migalha.  
Como a oferenda que mata a fome do esfaimado.
              








  

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019



                razões


Há razões para tudo.
Para tudo há razões.
Que não sejam as razões do coração.
Cujas razões a própria razão desconhece.




                         
                consciente e liberto  




Tenho a alma leve e um buraco no peito.
A paz que tanto ansiava me sufoca.
Nada mais me pesa, a não ser o que perdi : tudo.
Nada mais me oprime, além do que sempre me oprimiu.
Sofri, penei, culpas expiei,
eis-me, enfim, consciente e liberto,
para viver a realidade de um abismo infinito.

Não busco para meu coração pousada.
Não tardarei em mergulhar nas trevas frias,
e nem o tanto que amei me salvará.
Perdi minha alma quando te conheci, mulher,
que toda as culpas me imputa.
Que todos os males me atribui.
Se isto te compraz, que assim seja !
Minha'alma perdida há muito tempo está.
Por mim e por ti, se for para te salvar.

    

                
               DIGA-ME, POR CARIDADE
                        
E a pensar que foi tudo em vão,
tudo ilusão, a enganar o tolo coração.
Que aos poucos tudo se desfez
Um castigo pelo mal que se fez.


E a pensar como foi tudo tão lindo,
tão intenso, ao menos no começo.
Tu, feiticeira que me arrebatou do limbo
Que agora já nem sei se conheço.

Tamanha é a decepção, tamanho é o pesar,
por ver tudo desabar, tudo aviltado.
Como se nada tivesse representado.

Diga-me, por caridade, a razão de tamanha mudança.
Terei sido eu o único culpado ?
Não teríamos ambos trapaceado ?


   



terça-feira, 5 de fevereiro de 2019








                           

                        O ELO PERDIDO


Na falta de sentir, as verdades ocultas,
as certezas extintas, enfim afloram.
Nas fúteis libações e ações irresponsáveis, 
o jugo interminável dos sonhos nunca consumados.     
No conformismo e no desencanto, 
o elo perdido do que foi sem nunca ter sido.
Da vida que deveria ter sido.
De menos impostura, mais verdade.
Mais entrega, menos orgulho. 
Mais plenitude, menos platitude.
Menos promessas, mais atitude.  
Para o enfermo amor resgatar.
Ou deixar voar.
Como uma pluma no dorso da mão.



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019



          A vida on line revolucionou o planeta

                 
                Mas ainda prefiro a off.

sábado, 2 de fevereiro de 2019

                     

             amo alguém que não existe



Amo alguém que não existe.
Não do jeito que um dia existiu.
Alguém que se foi tal como surgiu,
deixando um vazio imenso e triste


Amo alguém que não existe.
Alguém que eu não soube amar.
Que se entregou sem exigir nada em troca,
até se cansar de tanto esperar.

Amo alguém que não existe. 
Alguém em quem confiei cegamente. 
Amor que era magia e sedução,
e que hoje é só mágoa e frustração.   


Amo alguém que não existe.
De quem esperava tudo menos traição.
Que entrou na minha vida como uma benção,
e saiu como uma maldição.






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