sábado, 3 de agosto de 2019
ESPERA
Minhas mãos, desaprendidas de tocar,
já não tocam, já não oram.
Meu coração, desiludido de sentir,
já não sente, menos mal que já não mente.
Nos dias que decorrem, sem sentido,
sem tocar, sem sentir,
já nada espero, apenas o termo.
A vida estagnada,
o terno embolorado, à espera do enterro.
Nada mais têm importância.
Bocas, sorrisos, palavras ao vento,
apenas gasto o tempo.
Os vermes já me comem por dentro.
sexta-feira, 2 de agosto de 2019
a primeira vez
Quanto mais se vive, mais se desaprende,
mais pobres ficamos.
Desaprendidos das coisas mais importantes.
Acumulamos coisas, mas nos apartamos do melhor.
Sonhar, confiar, amar.
Sensações, sentimentos, que correspondem
aos melhores momentos da vida.
Ao auge, ao ápice,
mas que como tudo, com o tempo fenecem,
se dissipam.
Sem que nunca mais consigamos repor,
ou viver algo parecido.
Extinto o ineditismo,
o encanto inigualável da primeira vez.
Da sabedoria.
Aprender a dar conta da lida. Ganhar a vida dignamente.
Driblar a rotina, o que acontece à nossa revelia.
A faina implacável do dia a dia.
Lidar com as perdas, sujeitos à tudo.
Num instante, o que era simples, tranquilo,
Num emaranhado infernal se transforma.
Simples e complicada é a vida.
Num emaranhado infernal se transforma.
Simples e complicada é a vida.
No bojo de tudo,
Penando sob o jugo da inescapável equação das perdas e ganhos,
Quebrando a cabeça, remoendo as entranhas,
Para conseguir conciliar trabalho, obrigações,
Carinho, atenção,
Requisitos básicos de qualquer relação.
Penando sob o jugo da inescapável equação das perdas e ganhos,
Quebrando a cabeça, remoendo as entranhas,
Para conseguir conciliar trabalho, obrigações,
Carinho, atenção,
Requisitos básicos de qualquer relação.
O simples e o complicado se entrecruzando.
O espírito enfermiço fraquejando.
O diálogo sumindo, sumindo.
O diálogo sumindo, sumindo.
Problemas, indefinições, incertezas,
A conspiração de sempre.
Imersos na barafunda geral da imprecisão
Imersos na barafunda geral da imprecisão
Dos sentimentos, sucumbimos.
Simples e complicado.
Simples e complicado.
E assim os anos passam. Várias etapas,
Várias vidas numa só.
Várias vidas numa só.
Dos sonhos à realidade, o gosto amargo e recorrente das perdas.
Dos amores, dos filhos, efêmeras conquistas, fugazes alegrias.
Pois um dia também se vão.
Pois um dia também se vão.
Também se perdem.
Só o que fica são as obrigações.
Cada dia suprido é uma proeza.
Há que valorizar. Há que se valorizar,
Posto que ninguém o faz.
Há que viver. Enquanto há tempo.
Posto que ninguém o faz.
Há que viver. Enquanto há tempo.
Enquanto se pode.
terça-feira, 30 de julho de 2019
BOBEIRA
Às vezes a gente não ama o suficiente.
Às vezes nunca é o suficiente.
O amor tem dessas coisas.
Cada uma ama de um jeito.
Amor esfuziante, amor recluso,
amor bandido. Tudo são fases.
Amar é complicado.
Às vezes é de um jeito de manhã
e à tarde não é mais.
Às vezes você acorda de madrugada
e se dá conta que não ama mais aquela pessoa.
Às vezes olha para o lado
e vê que não pode viver sem ela.
O amor tem dessas coisas meio loucas.
Não tente entender.
O certinho, o correto, às vezes não serve,
é chato, aborrecido.
O malandro, sacana, é amado, idolatrado.
Porque às vezes a gente cansa de tudo,
se sente asfixiado, desmotivado.
E jogamos tudo para o alto.
Por impulso, precipitação.
Quando nos tocamos, já é tarde.
Já era. Uma vida, uma história,
tudo para o ralo.
Um grande amor não é grande por acaso.
É feito de percalços, tropeços, sofrimento.
Que o tornam mais forte.
Às vezes a gente perde a noção das coisas.
E põe à prova.
Abusa.
E de repente, do nada, a casa cai.
E não dá para voltar atrás.
De bobeira, tudo acaba.
E o que era grande, num grande desastre se torna.
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