quinta-feira, 29 de agosto de 2019




                         toma lá-dá-cá








Evocar o passado não é  desdouro.
Às vezes é tudo o quê se tem.
Quando se teve uma vida boa, 
Coisas que valeram a pena viver. 

Vai do quê fazer com as lembranças.
De como conviver e lidar com elas.
Não deixar que se transformem num fardo.
Sufocar de mágoa e arrependimentos.

Não, não é fácil deixar tudo para trás.
Perder, romper com laços afetivos.
No entanto, é preciso ponderar e aceitar, 
pois assim é o toma-lá-dá-cá da vida.

Menos mal quando as coisas boas se sobrepõe.
Quando o que foi vivido conforta e consola.
E se pode encontrar no passado 
Força e paz de espírito para seguir em frente.  




quarta-feira, 28 de agosto de 2019



                                                                   LIDA






Às vezes é preciso 
O bicho pegar
A cobra fumar
O pau quebrar
A batata assar
A cuíca roncar
A casa cair
O caldo entornar
O laço apertar
O cu da cotia assoviar
A onça beber água
A canoa virar
A porca torcer o rabo
A vaca tossir
A rosca espanar
Ladeira abaixo despencar.

E se isso ainda não bastar 
Para cair na real
Tomar tenência 
Criar juízo 
Melhor mesmo se internar 
Ou meter uma bala na cabeça 
Que assim tudo de resolve
Não se amofina.
Nem os outros aporrinha.

















terça-feira, 27 de agosto de 2019


             
                  nobre legado








Fecho os olhos e ainda vejo o rio poderoso e turvo.
Matas repletas de pássaros, os arrozais.
Meus dois cachorros, Kalu e Respeito, 
anjos da guarda da minha infância.
O internato aos seis anos, as missas na igreja Luterana.
O imponente morro do Agudo ao fundo.
Bailes na colonia e adjacências, pescarias no Jacuí ,
banhos de arroio, 
os primeiros namoricos. 
E memoráveis férias de fim de ano,
reunindo a numerosa família dos Berger, dos Roos.
Ah, as gaitadas...
Com direito a concursos de peido, o mais fedido e o mais estrondoso...
Ah, sim, a chegada do indefectível Papai Noel - meu primo 
Ernani à caráter, 
a molecada desconfiava mas não tinha certeza.
Luzes apagadas, apenas a enorme árvore natalina 
tremeluzindo, o tannenbaum cantado assim mesmo, 
em alemão.
Enfim, hora dos presentes, não sem cada um
recitar algum verso natalino, o capetinha aqui sapecando 
o infalível "kleine known, grossen known, der weihnachtsmann 
at der arschloch brechen".
Neim, neim, neim, se ria a não mais poder a grossmuther, 
mãe, avó, inesquecível matriarca dos Berger, 
com seus seis filhos, Arnaldo, o mais velho, 
meu pai Engelhart, Bernardo e Orlando, 
as gurias, Onira e Lolita.
Vô Rodolfo não conheci, morreu cedo, aos 56 anos, câncer no estômago.
E havia já então uma numerosa prole de netos, 
hoje em dia, mais de meio século depois, também 
com filhos e seus próprios netos, 
dispersados por esse mundão afora,
com a sagrada missão de honrar 
e perpetuar tão nobre legado.


Igreja Luterana de Agudo.



O imponente morro do Agudo



   










domingo, 25 de agosto de 2019





De que adianta beleza, carisma, esperteza, 
se lhe falta 
um mínimo de caráter ?
Mais dia, menos dia, 
a máscara cai, moça.




                                     ARGUMENTOS






Há pessoas com quem não se consegue argumentar.
Não por falta de argumentos, mas por não haver 
nada que as convençam.
Mentes empedernidas, caso perdido.

            Pior que a falta de argumentos é o proselitismo barato.

Não há melhor argumento do que a verdade. Ainda que eventualmente ela não prevaleça

           Não há argumento capaz de dissuadir     
           quem não tem argumento. 
           A ignorância é surda à argumentos.

Às vezes, o melhor argumento é calar.

          Quando nenhum argumento convence, das duas, 
          uma : ou o argumento é fraco ou voto vencido.

Às vezes, uma única palavra põe tudo a perder. 
(Mário Quintana)







  















                  ANOS DOURADOS






Ah, que saudade de quando tudo parecia
simples e descomplicado.
A vida lentamente fluía. 
A doce irresponsabilidade dos anos dourados.

Lembranças pungentes,
que embalam a melancolia do presente.
De quem vê tudo ausentar-se.
Os sonhos que sonhei.
Os amores que perdi.
As certezas pueris, 
estáticas,
batendo asas como um colibri. 



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