sábado, 9 de novembro de 2019



                                     HAICAIS 







Com ciúmes da rosa,
o espinho lacera o vento,
fere a mão buliçosa 

Ao invés de discutir,
entre mudo e saia calado,
nada mais irado.

A única certeza na vida
é a morte.
Que sorte !

Calma, 
desvendada a alma,
tudo se acalma.


Na vida há vários caminhos.
De luzes e cruzes.
De rosas e espinhos.


O amor escamoteia os defeitos,
enquanto
nos põe algemas.

Os prazeres da vida passam.
As dores e dissabores
ficam.

No êxtase do amor,
os gemidos
abafam o juízo.


No livro da vida, as páginas 
mais importantes são as
que não temos paciência de ler.








sexta-feira, 8 de novembro de 2019



                                                 
                                                         DESEJOS
                           






A tarde flui lenta e chata.
A pasmaceira da vida, à sorrelfa e
à socapa.
Expectativas invariavelmente frustradas.
Acontecer algo de bom é um parto.

Os dias passam enviando recado aos inimigos.
A espera do que nos é devido é longa.
O que desejamos arruína os favos,
e a beleza, 
a felicidade,
no fundo não passam de acidentes de percurso.

As crenças são pedras de amolar 
facas cegas.
Libertar-se das iluminuras inúteis
é o primeiro passo 
para fugir daquilo que, 
sem sabê-lo,
nos tem sequestrado.
Símbolos, cosmogonias, 
cada adereço do caleidoscópio,
fiéis à obediência surda
prestes a se romper.

A tarde flui pachorrenta.
Agora que uma parede maior que
o silêncio
entre nós se interpôs, 
resignado, despeço-me de todos os sonhos.
De um tempo de um eu plural e ausente.
De quem desejou tantas coisas
sem saber quanto custa 
delas se libertar.















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