sábado, 4 de janeiro de 2020





                         CONTO DO VIGÁRIO




Deus me livre das pessoas convictas, irredutíveis.
Das que não pedem desculpas.
Alardeiam uma integridade para inglês ver.

Deus me livre de pessoas dissimuladas, manipuladoras.
Prefiro os doidos de pedra, que falam o que pensam,
sem papas na língua.
Que nunca nos surpreendem.

Deus me livre de cair em outra fria.
No conto do vigário do amor.
Confiar, acreditar que é possível ser feliz 
sem fazer o papel de idiota.








"E se..."
E se eu tivesse feito isto, ao invés daquilo ?
Se ao invés deste, tivesse optado por outro caminho ?
Se tivesse ouvido os conselhos, não tivesse ignorado
as evidências.
Sim, porque há coisas que estão na cara
que não vão dar certo. 
Mas teimamos em desafiar
a lógica, jogar contra as probabilidades.

Ora, a vida é feita de escolhas, de erros e acertos.
Tudo implica em decisões.
Para tudo há consequências, le duela a quien le duela.
Tudo é circunstancial, aleatório.
Um esbarrão pode mudar o curso da vida.
Se o nariz de Cleópatra fosse diferente, a própria 
história da humanidade teria sido outra, como sacou
Pascal, o pai do relativismo.
Então, para que esquentar a cabeça ?
Que se foda tudo.








quarta-feira, 1 de janeiro de 2020





                             os grandes momentos






Cuidado, não se iluda com os grandes momentos.
Eles não passam disso, efêmeros, breves pausa
no pega-pra-capar da vida.
Não se engane com o que sugerem.
Que possam ser duradouros.
Apenas viva, aproveite, sem pensar muito 
no amanhã, criar expectativas.
Pois amanhã é outro dia.
Dia de encarar a realidade nua e crua.
fazer o trabalho sujo.

Ah, os grandes momentos...
Já os tive às pencas.
Já os curti com sofreguidão.
Crente de que representavam algo maior.
Prerrogativas de quem ama e crê ser correspondido.
Só que não.
Nem o amor é garantia de nada.
Pois hoje se ama, e amanhã se desama.
E às vezes nem amor é.
E os grandes momentos viram cinzas.
E há quem faça questão de varrê-los
para debaixo do tapete.
Como se nunca tivessem existido. 








            resoluções para 2020 (exequíveis)






Falar menos, pensar mais antes de fazer e falar. 
Ou seja, deixar de ser tão impulsivo.

Me refazer profissionalmente. Desenvolver os projetos sempre adiados, encarar novos desafios.

Deixar de me preocupar com coisas que fogem a meu alcance resolver ou mudar.

Curtir os pequenos/grandes prazeres da vida,
enquanto posso, enquanto tenho saúde.

Publicar meu livro.

Conhecer minha neta.










                  o que plantei, me suprirá.







Eu nunca estou só.
Eu nunca estarei só.
Tenho um universo dentro de mim.
Um mar de lembranças preenche meu tempo presente,
não me deixam ficar só.
Não deixam que as perdas, as coisas ruins
invadam esse espaço,
com seu sinistro exército de tristezas e 
amarguras.

Eu nunca estou só.
Eu nunca estarei só.
Nunca fui um derrotado, não será agora que 
entregarei os pontos.
O coração reconfortado, o espírito em paz, me fortalecem.
Sei que os piores dias ainda virão,
quando estiver velho, alquebrado, doente.
Talvez desprovido das faculdades mentais.
Talvez abandonado à própria sorte.
Mas ainda assim não estarei só.
Conforme determina a Justa Lei Máxima
da Natureza, 
de uma forma ou de outra,
o que plantei, me suprirá.











terça-feira, 31 de dezembro de 2019







Não é porque meus pais se foram, meus dois filhos mais velhos se ausentaram, minha família derreteu, que vou deixar de curtir e valorizar os festejos de final de ano. 
Não só por conta das lembranças gratificantes do passado, mas pelo próprio clima de congraçamento, que temporário ou não, nos torna um pouco mais humanos. 
Dito isto, grato pela companhia e meus votos de um feliz ano novo para todos. Que 2020 seja espetacular, nada menos que isso.









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