domingo, 8 de novembro de 2020

                           

                                           outros olhos





O que vês em mim, que tanto te espanta ?

O que vês agora, que já não vias antes ?

Talvez com outros olhos.


Não, não fui eu que mudei.

Sou o mesmo que conhecestes, de longa data.

Fraco, falho, promíscuo ( como dizes ).

Tu que mudaste.

Tu que abriste os olhos

para o que antes não vias.

Para aquilo que o amor escamoteava,

não te deixava ver.





sábado, 7 de novembro de 2020

 

                             houve um tempo



                                 



Houve um tempo maravilhoso na minha vida,

em que eu tinha tudo, era feliz

mas não dava valor.

Por falta de sabedoria.


Envelheci.

Perdi quase tudo que tinha.

Mas não vou cometer o mesmo erro.

Descobri muitas coisas. 

Redescobri outras tantas.

E sobretudo, saber valoriza-las.

Mesmo as mais simples.

Como uma boa noite de sono.

Acordar sem dor.

Reparar na paisagem, nos detalhes,

nos pequenos prazeres.

Como um prato de feijão bem temperado.

O valor de um abraço.

Deixar a emoção fluir, sem vergonha de demonstrar, 

assumir as culpas,

não querer ser a palmatória do mundo.

Encarar as privações e provações

não como castigo, 

mas como degraus a mais

para o crescimento espiritual.


Perdoar-se,

para poder perdoar.

Porque o perdão faz mais bem 

para quem perdoa

do que para quem é perdoado.




 





 
Ele me pede uma esmola,
sem saber que o mendigo sou eu.




 


                                                           meus sentimentos

 



Onde eu gostaria de estar, não posso.

O que eu gostaria de fazer, não deixam.

Mas pouco importa.

Aprendi a lidar com as perdas.

O que eu tenho me basta. 

E não é pouco.

A beleza das coisas simples.

E a afeição dos que (se) importam.





 


 

                                 memórias roubadas





O que eu não daria

pela memória

de te ouvir dizendo

que te enganastes.

Que te arrependes.

E que ainda me amas.

Ver-te estender a mão, à

a sonhada reconciliação.

Ah, laboriosa mente, 

que entesoura o que o tempo

me roubou.




  


 

quarta-feira, 4 de novembro de 2020





A gente pode abandonar os desejos, 

mas os desejos nunca abandonam a gente.


            A vida não me deu tudo o que pedi,

            mas me deu muito mais do que mereci.


Sentir-se só

em meio a tanta gente.

Bem-vindo ao mundo virtual.






              






            

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