sexta-feira, 23 de abril de 2021

quarta-feira, 21 de abril de 2021




       Desapego



Preciso me desapegar de um monte de coisas.

Dos afetos não correspondidos. Dos desejos impossíveis. 

E sobretudo, das lembranças que sempre me serviram de consolo. 

Eu disse desapegar, não esquecer.

Isso eu deixo para quando morrer.






 

    


             Adoradores do reles


 

Somos todos vassalos da vida de merda.

Das coisas insanas e insaciáveis, entendidas às avessas, 

em que retalhos e sementes de nada prosperam. 

Eis-nos impregnados do tempo onde a relva 

não cresce, sem necessidade de sermos mais do que usuários e

consumidores. Mártires do apelo digital inescrupuloso 

e sem limites.

O nunca havido se despede do crepuscular 

embate dos adoradores do reles, 

na orgia viscosa que não sacia a fome 

de distrações frívolas e hemorrágicas. 

Sem anátemas, inquisidores e charlatões virtuais 

proliferam feito ratos.



 

                              diferenças 



Qual a diferença entre um burro e um esquerdista ?

Ambos não latem.


Qual a diferença entre uma moça de família e

uma puta ?

As putas não disfarçam.


Qual a diferença entre um ladrão comum

e um político ?

O método. 


Qual a diferença entre um jornalista e um poste ?

O poste ainda tem alguma utilidade. 


Qual a diferença entre um padre e um pedófilo ?

O pretexto. 






 



               vocação



Nem todo mundo pode se queixar da pandemia. 

Como se sabe, alguns setores se deram muito bem,

obrigado, graças ao mundo on line.

Entre os quais,

a pornografia e a prostituição, que prosperaram sob

inúmeras roupagens. 

Nunca tantas mulheres descobriram 

sua verdadeira vocação. 


 




segunda-feira, 19 de abril de 2021




     REVEL



Ora mansos, ora rebeldes,

Os filhos de Deus travam suas lutas.

Entre promessas de glória e luto.

Sob o suor das nuvens

Ou o gotejar do orvalho.

Bafos de esgoto e vulvas perpassam a selva de pedra. 

De desesperados e degenerados é feito o reino de Deus. 



 



                        oquidão



Ah, esse passar que não passa, passando.

Reverente, feito a solidão dos gansos.

Ah, a sabedoria dos livros que nunca lerei.

Coração esboroado nos molhes da ruína.

Na oquidão de galhos povoados de ninhos e

primaveras.

O penumbrismo de meus versos

cauterizam as feridas das deslembranças. 




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