sexta-feira, 21 de maio de 2021

 



   o resto do resto




Não há remédio para os males que nos assolam.

Tudo se esgarça e fenece nesse mundo insano. 

Só o que sobra é o resto do resto

da louca quimera de ser feliz. 







Ter um ganha-pão.

Um trabalho digno.

É a maior e mais básica ambição 

de quem

não nasceu para ser parasita.



 




"Bem sei que para meus pecados

desculpa não há. 

Em minha campa há de ficar

gravado :

"Aqui jaz um infeliz que antes de enganar,

a si mesmo enganou..."

(Camposamor)




quinta-feira, 20 de maio de 2021



             brincando de não morrer




Na noite não muito iluminada

Uma poesia bem suburbana

Falaria da luz de pirilampos

A evocar os frágeis liames da infância.


Mas na solidão atemporal

Sutis caminhos de íntimos gozos

Enfim se despem da dependência.

Como uma flor que muda para o fruto.


São tempos sombrios. 

Lave-se da alma a mitologia dos desejos. 

Cumpra-se os dias como se fossem os últimos.

Sufocando a revolta.

Brincando de não morrer.

Ainda que a desdita, à solta,

"tão resoluta venha e carregada,

que põe nos corações um grande medo." ( Camões) 




segunda-feira, 17 de maio de 2021





De penas e tédio

transcorrem meus dias.

Nos quais me faço de forte

para tapear a morte.








Às vezes tudo é uma questão de não abandonar 

o barco só porque está fazendo água.

Mesmo porque todos os barcos fazem água.






domingo, 16 de maio de 2021





     Novos Tempos


Estou limpo. Estou livre. 

Todos os meus fracassos 

me abandonaram. 

É tempo de depurações.

Já não busco compensações.

Me contento em reaver 

dignidades perdidas.








  

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