sábado, 5 de junho de 2021


                    o grande gesto



Nós dois, mutantes,

mudamos

para lidar

com as coisas que não podem

ser mudadas.


E assim vamos nós,

pensar a vida,

em sua luta renhida,

ao redor de nossos sonhos gastos,

tomando muito cuidado

para não voltar

a desperdiçá-la. 


E assim vamos nós,

mansos feito cavalinhos de carrossel,

mas não aceitando mais cabrestos,

nem nada que não faça

o coração palpitar.

Ainda que armas sutis nos ameacem,

um mudo entendimento antecederá 

o grande gesto

de ser mais do que fomos.






Impressionante como as pessoas estão perdendo

a capacidade de diferenciar o certo do errado.

O mundo era melhor sem Internet.




 




Não tente entender ou mudar as pessoas.

Apenas aceite. Ou mande-as às favas.



 

terça-feira, 25 de maio de 2021



                 até quando ?




 

Vítima infeliz de vícios e mazelas,

o povo padece.

Espoliado, esfaimado, grita por socorro

mas ninguém ouve.

Inerte por vocação, entorpecido por insidiosas

crenças, nada faz, nada consegue fazer.

Nos faltam hombres de cojones, gente de moral,

os nossos estadistas são de meia-tigela.

Cagam na cabeça da gente e nada acontece.

Nem um simples retesar de músculos,

nada além de muxoxos repletos 

de atavismos inúteis.


Triste nação de raça sem brio,

desonras teu berço de valorosas e

extintas tribos : Timbiras e Tupis eternizados

nos versos geniais do bardo Gonçalves Dias.

O que foi feito de ti, Pátria amada e idolatrada ?

O que fizerem de ti, ao longo dos tempos, 

para aceitar

assim, resignadamente, tão improba sorte ?

Tuas mãos calosas não te redimem.

Te ressentes do sangue que não foi derramado,

da honradez suprimida ao longo do lento e

infausto vilipêndio.


Ó terra de desvarios, atolada na merda, 

é sempre velha a nova realidade que te cerca.

Aviltado por governantes e mentores 

inescrupulosos. 

Achacada por políticos da laia de reles 

batedores de carteira.

Nação que não obstante grande e generosa,

não consegue se livrar de recorrentes pilhagens.

Vendo, impotente, suas riquezas dizimadas,

matas e rios seculares em silencioso holocausto.


Até quando ?





 



 









 


 

sábado, 22 de maio de 2021




                 Não há saber que baste





Abri mão de meu destino brilhante

Para ser o idiota vacilante

Que trocou tudo por vã sabedoria.

Que se deleita em servir de ponte

Para a humana convivência.

Para o quê não há saber que baste. 





 


                 causas estúpidas



 


Ninguém repara nos pardais, 

esses pássaros vulgares e subestimados,

como tantas coisas na vida.

Ignora-se o bem que fazem.

Como a China aprendeu da pior forma possível,

quando o iluminado Mao ordenou que fossem

exterminados, 

e milhares de súditos morreram de fome,

em face das pragas que se disseminaram.


O mesmo descaso paira sobre soldados,

trabalhadores, serviçais, toda espécie de escravos

anônimos que lutam, se sacrificam,

morrem por causas estúpidas.

Meras peças

da engrenagem insana que move a humanidade.

Os pardais ao menos são livres

para voar. 



sexta-feira, 21 de maio de 2021

 



   o resto do resto




Não há remédio para os males que nos assolam.

Tudo se esgarça e fenece nesse mundo insano. 

Só o que sobra é o resto do resto

da louca quimera de ser feliz. 




Postagem em destaque

                            a noite eterna a noite eterna chega devagar a vida passa devagar até tudo passar e você de repente acordar sozin...