Minha poesia chegou a um impasse.
Sem aquela dor antiga,
está mais para nonsense.
nua e crua
Quando despertos do sono da vida,
não só de nós, mas do existir humano e ungido,
o acordar para o que somos e não vemos,
premedita o tempo arguido pelos anos.
Ante o paradoxo de ser o ser enrustido
que agasalhamos,
premido pelos pecados e segredos
que os dias escamoteiam,
eis que o efêmero se infere,
como se a vida se fizesse alheia.
E quando, diante dos olhos,
o tempo conjurar os vaticínios,
esgotar-se a permissão para cometer desatinos,
alvíssaras ! Ei-la, enfim, a vida nua e crua,
prenhe de tudo que é solvente e ilusório.
quando, em brios, te insurgirás ?
Do feroz cotidiano,
feito de tintas cruéis e fatais,
emerge a dura realidade
que os telejornais retratam
como se fora uma guerra declarada
- e, provavelmente, o é.
E assim, exalando o nauseabundo odor
de feridas gangrenadas,
a vida segue,
amarga e desesperançada,
com o grito de socorro entalado na garganta.
Ah, meu Brasil lindo e inzoneiro,
não te cansas de ser espoliado ?
Quando, em brios, te insurgirás ?
a noite eterna a noite eterna chega devagar a vida passa devagar até tudo passar e você de repente acordar sozin...