domingo, 18 de setembro de 2022



                                 CORAÇÃO BANDIDO





O pecado da carne me condena.

Luxúria, não cobiçar a mulher do próximo...

Já sinto queimar o fogo dos infernos.

Nem posso dizer que é amor o que sinto.

"Meu coração tem mais cômodos 

que uma casa de putas." 

(Gabriel Garcia Marques/ O Amor em

Tempos de Cólera)



 

sábado, 17 de setembro de 2022



             a cura




Quando a solidão chega,

todo mundo vai embora. 


                amor incondicional

                começa bem e acaba mal.


Nem alegre, nem triste.

Nem começo, nem fim.

Não é a primeira vez 

que mentem pra mim.


         Mal chegou e logo partiu.

         Esqueci de passar a tranca

         e o amor fugiu.



                       Sol e ventania.

                       Adeus calmaria.


Não há cura

sem uma dose 

de loucura.




                     ser ou não ser




Me deparei com a morte algumas vezes.

Não me pareceu assim tão tenebrosa.

Devo dizer que me foi até amistosa.

Da última vez, me olhou na cara, piscou o olho

e foi embora.

Só faltou dizer, velho, fica frio,

volto outra hora.


            Toda dança tem seu ritmo

            Todo rio tem seu curso

            Todo povo tem o governo que merece.


Ser de esquerda, sabendo-se, sobejamente, 

que a esquerda não presta,

é próprio de quem, sendo intelectualmente inepto,

jumenta-se. 


             Muita parafernália e pouco tutano.

               Ases nos games, asnos na vida. 

               Estúpidos, desarticulados,

               fumam seus baseados

               não largam dos celulares

               não tem opinião sobre nada

               nada além do que falam os youtubbers

               que ganham fortunas para tutelar

               essa geração que vive sem viver

               emparedados entre dois mundos

               entre ser ou não ser.

               

               




               

               





 


                                 DEUS NOS FEZ ASSIM



La sottise, l`erreur, le péché, la lésine
occupent nos esprits et travaillent nos corps.
Tu le connais, lecteur, le monstre délicat
- hypocrite lecteur -, mon semblate, mon frére !
(Badeulaire) 


Não existe o perfeito

o infalível

o incorruptível.

Muito menos o salvador da pátria.


Não existe o santo

o mito

o céu

muito menos o inferno.


Vícios, manias, taras :

um pouco de indecência 

pode ser saudável ( vide D.H.Lawrence).

Quem não as tem, que atire a primeira pedra.

Somos humanos, ora pois.

Deus nos fez assim.

Falíveis. Compreensivelmente falíveis.

Previamente perdoados.

Vivendo de esquecer.

Sem outro castigo senão perseverar no erro.












 




 


O amor é traiçoeiro.

Só é fiel ao dinheiro.


 


                                poeminha





Bem-aventurados os que não se degradam, não se prostituem,

em meio a tantas tentações.


Bem-aventurados os que não se deixam dominar pelo ódio,

pelo rancor, mesmo tendo motivos de sobra para tanto.


Bem-aventurados os que não se convertem as mitologias profanas,

crenças e idolatrais cegas, que escravizam o espírito.


Bem-aventurados os que não sofrem à toa, não fazem drama 

por qualquer coisa, culpando os outros ou a própria vida por

suas escolhas erradas.


Bem-aventurados os que fazem o bem sem esperar retribuição,

que é grato pelas graças que desfruta, 

que prefere que os outros estejam certos, como diz Borges,

a quem dedico esse poeminha. 






 


  



               cegueiras inatas





A paz dormia

a sono solto

exausta

frágil

desamparada

como quem vive de toda espécie

de carência.

Tentando abrir portas trancadas

entre cegueiras inatas

a ouvir dos homens, do alto de sua

sacrossanta ignorância : desta água

não beberei.

Ouve o crocitar dos corvos

e retira-se

para longe.

Onde só os mansos de espírito

conhecem a morada.







 

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