sábado, 13 de julho de 2024

                                      

                no reverso das bocas




A beleza estagnada

Fendido pelo muro 

Desmorona o abismo

A ira como única testemunha.


O lixo da vida

Desfila distraído

Não queiras o que não vê

Cala e espera

Mãos incendiárias

Jazem ao léu.


O quão lúbrico pode ser o sol ?

O medo carpe amanheceres escarlates

Irmãos engalfinham-se

No reverso das bocas

Nada mais específico

Do que a palavra herética.





Coisas invisíveis atazanam o espírito.

Desejos lascivos procriam feito ratazanas.

A noite deflete o sono das trevas.

O medo exsuda frontispícios de luz. 







Cerca de mim

o amor medra. 

Sangue do meu sangue

não me renega.









O amor chegou tão de mansinho,

na ponta dos pés,

que quando me dei conta,

já havia passado.




                                                      a dureza do mundo





Muito tempo se passou

desde que me perdi 

pela primeira vez. 

Ainda hoje

tento me achar.


             De onde estou, já não posso voltar.

             Nem quero.


Como sobrevivi a tantos enganos ?

Renomeando-os.


                A farsa do amor só é redimível

                com o nascimento de um filho. 


Esbate-se em mim

a dureza do mundo.

               

               Por mais que eu tenha mudado,

               nada muda o fato 

               de que sou uma fraude.

               Não fiz nada direito.

               Fui omisso e covarde.

               Acordei para a vida muito tarde.

               Algoz de mim mesmo,

               tive mais sorte que juízo.

               Saber finalmente quem sou

               é meu prêmio de consolação.

               


quinta-feira, 11 de julho de 2024


                               nação de nibelungos



Aqui e alhures, 

gesta-se burgos de nibelungos. 

Emoções coaguladas envelhecem por dentro,

à luz dos escombros cotidianos.

A força imaterial das escaramuças dispersa

o povo exangue.

O ermo aspira e sacia-se da lucidez que aniquila.

Refestelamo-nos, cansados de recriar as estórias 

sob o mesmo alvitre.

O alento que infunde o gemido da linguagem 

presume a dor e a cria.

O surdo clamor da justiça mantém-se em rancoroso

desdém, enquanto o galope louco dos dias

urde as mesmas máscaras e presságios.

Herdamos o futuro que se esgarça

iluminado de sombras.

Não há esperança para uma nação de nibelungos. 



terça-feira, 9 de julho de 2024

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