terça-feira, 29 de julho de 2025


               o fim do amor



Não, 

não é o fim do amor o que mais dói.

O fim do amor a gente nem sente.

Matamos o bicho aos poucos todos os dias.

Negligenciando, aprontando, deixando de fazer.


O fim do amor se dá aos poucos.

Sem manutenção, sem cuidado, 

é como um carro, um dia quebra, 

te deixa na mão.

Simplesmente acaba.


Muito mais sofrido, dolorido, é descobrir

que nem amor existia.

Que se vivia uma farsa.

Farsa que também aos poucos se revela.

Sem fantasia,

sem magia,

sem poesia.


Não, 

não é o fim do amor o que mais dói.

Pior é ter vivido algo que foi,

sem nunca ter sido.










                       caixinha de globs-globs

  


Abri uma janela para o sol.

Comprei móveis novos.

Adotei um  gato de rua.

Entrei para uma escola de artes. 

Renovei meu guarda-roupas.

Troquei o carro por uma bicicleta.

Fiz as pazes com meu maior desafeto.

Quitei uma dívida antiga.

Comi pastel com caldo de cana.

Joguei as cinzas do meu pai no estuário.

Mandei flores para o meu amor.

Que havia se mudado e eu nem sabia.

Troco o meu reino por uma caixinha

de globs-globs.












domingo, 27 de julho de 2025


                             a cura


Agora eu sei, o coração cura quando entende,

e não quando esquece. 

Eu não esqueço, mas hoje eu entendo,

e te perdoo

por ter me deixado, 

e até mesmo de ter me pintado de vilão.


Hoje eu entendo e sei que, no fundo, o maior

culpado fui eu.

Por não ter te amado como esperavas e merecias.

Fui ausente, às vezes até indiferente,

me acomodei,

enquanto você seguiu em frente.

Simples assim.


Agora eu sei, o coração cura quando entende,

e não quando esquece.

Porque nunca esqueci 

o quanto foi bom enquanto durou.

É tudo o que importa.







                                              de repente


De repente, o vazio.

O abandono.

De repente, o mistério que envolve 

o acaso.

Nas coisas que acabam do nada.

Ou por tudo que não foram.


De repente, a vida pelo avesso,

o avesso da vida.

A história aniquilada.

A dor da memória.

O impagável preço

do apreço rompido.





 



É preciso não crer

É preciso não saber 

É preciso não ver

E jamais diga

dessa mágoa não beberei.





                              vá em paz


Se queres ir embora, vai !

Se não estás feliz, se nada mais te motiva,

vá em paz !

Se já não sou capaz de suprir tuas carências

e necessidades.

Se tua vontade de ir é maior que a de ficar,

vá em paz  !


Não vou te segurar, nem prometer o que não

posso dar.

Se tudo o que enfrentamos e superamos já 

não importa.

Se a fila andou e já tens outro alguém.

Pois vá em paz !

Mas não olhe para trás e nem peça para voltar.

Há coisas que não tem volta.




sexta-feira, 25 de julho de 2025



Duvide da luz do sol

Duvide da verdade.

De Deus e de todo mundo.

E, principalmente, do amor.





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