domingo, 12 de outubro de 2025


                       último ato


Oi, meu amor, queria te dizer

tantas coisas,

mas não tenho mais palavras.

Meu último ato de amor é te deixar.

Para que você possa ser o que foi, o que é, 

e o que sempre será.

Mas sem mais me machucar.


Demorei a me convencer que as coisas

entre nós nunca irão melhorar.

Porque você nunca me amou realmente, e sim 

aquilo que te proporcionava.

Você nunca vai entender quantas vezes quebrei

minhas próprias regras para te aceitar.

Nem imagina o quanto me violentei para te amar.

Enquanto você se oferecia a outro.


No fundo, eu sempre soube que você me deixaria.

Passei por sua vida com uma vontade imensa de ficar.

Mas você me fez o favor de mostrar o meu lugar.

Te amei mesmo quando a vida gritava

para desistir.

Hoje eu só posso agradecer por ter me mostrado

o que eu não queria ver.

Que você nunca me amou.








sexta-feira, 10 de outubro de 2025


                    nem tudo 

            que vai embora 

                 é perda



Recomeçar exige coragem.

Você vai  duvidar, questionar, 

fraquejar

ante as dúvidas e dificuldades.

Recomeçar é deixar doer, para não doer mais.

Pois nem tudo que vai embora é perda.

Às vezes é um livramento.

É o universo te livrando de algo que está 

te fazendo sofrer, ou

que vai te fazer sofrer.

Com o tempo a gente aprende que o que é para ficar,

fica sem esforço.

E o que precisa ir, vai, mesmo querendo que fique.

A vida tem um jeito estranho de agir.

Algumas histórias não foram feitas para durar.



terça-feira, 7 de outubro de 2025


                        vagos saberes





Moram em mim vagos saberes.

Um caos interior, anterior a velhice renovada.

Vivo e morro a cada dia.

Vagando entre compensações e sepulturas.

Já sem vontade de entender a vida.

Percorrendo todos os descaminhos.

Imerso na vastidão do vazio.

Em que cada desejo perdido

procura quem o queira.



domingo, 5 de outubro de 2025



                               bullying



Esperei em vão que você mudasse.

Enquanto eu dei de melhorar, piorando.

Ambos desajustados.

Eu, ansioso, carente, impulsivo.

Você, instável, imprevisível, narcisista

de carteirinha.

Daí tantos conflitos.

Tipo da coisa que nunca vai dar certo.

Pior para mim, que vivo e sinto tudo intensamente.

Enquanto você só quer tirar proveito.

Disfarça, engana, mente.


Nunca pensei que passaria por isso.

Me submeter a tantos abusos.

Mas é o que o amor faz com a gente.

Achei que poderia consertar você, quando

na verdade quem mais precisa de conserto sou eu.


Te amar me fez esquecer quem sou, quem  fui.

Entrei de perto aberto e agora não consigo sair.

Enquanto você se diverte, não se importa 

de me humilhar.

Não vejo a hora de você me deixar.










sábado, 4 de outubro de 2025


                              sentença



Sou o que sou.

Intenso, dramático.

Inconstante. 

Humano.


Eu sou qualquer coisa

que brota e desbota.

Que espera e se esgueira.

De tão perdido, esquecido de chegar.

No peito, o pulsar de um coração

desaprendido de amar.


Sou o que sou.

Nem mais, nem menos.

Em paz como quem perde o que não tem.

Alguém que não se estima e compraz-se

com o passageiro.

Com a beleza extraída do nojento.

Um estranho para si mesmo.

Que encara a vida como uma inapelável sentença.

Triste como quem sabe ser o amor

uma doença.









quinta-feira, 2 de outubro de 2025


                                renúncia



Por que lamentar o fim de algo que me faz mal ? 

Por que questionar, se partiu de você a decisão de terminar ?

Porque o amor que tanto esperei, nunca chegou.

Você nunca quis, nunca se dedicou, nunca se entregou.

A não ser na cama.


Agora que estou sozinho, a consciência tranquila

me conforta e me consola.

Fiz o que pude e o que não pude, 

mas tenho que ser realista.

Amor, ódio, temor, ingratidão, são o legado

de um amor narcisista.

Sinto que posso seguir em frente porque nada 

mais me prende.

Finalmente posso esquecer das dores de ser bom.

Renuncio a esse amor que paira como uma maldição.

Resta convencer o coração...





                           

               nossa última noite de amor



Nossa última noite de amor foi única.

Pelo ardor como nos saciamos.

Porque nunca mais se repetirá.

Porque já não estamos juntos.

E nunca mais as coisas serão as mesmas.


Eu sei, você sabe, 

nunca mais amaremos assim.

Com lúcida ternura.

Com tal intensidade, com tamanha entrega.

Arrebatados por um sentimento de comoção

e euforia.

Com a alegria que transcende corações

tão diferentes.


Nossa última noite de amor foi única.

Talvez por ter sido a última.

Talvez porque nunca mais se repetirá.

Finda a humilde esperança de acordar

sempre a teu lado.




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