o sal da terra
Guardar os axiomas para os dias difíceis,
eis o sal da terra.
Pensamentos que desmantelam a ordem das coisas
engendram embustes.
Na lenta desagregação de cada dia, perde-se tudo
em pleno gozo dos prazeres.
Os que se amam e depois se desprezam, são a mesma pessoa.
Não há culpas, apenas lapsos.
Nunca atingimos a justiça absoluta, um bom juiz é aquele
que se coloca no lugar do réu.
O pensar condicionado pelo apego induz a erro.
No fim das contas, desapegos aparam as arestas.
As coisas só caem no esquecimento quando
não importam mais.
Conforme mudamos, os juízos mudam. O que era bom
não presta, não serve mais.
O dedo sujo aponta à esmo.
Às vezes mais vale estar errado.
O mundo esquece facilmente de nós.
O eu abolido está perdido e feliz.
Livre, o arbítrio lima as certezas.
O óbvio eclipsa o juízo.
O ódio solapa o discernimento.
O tiro pela culatra é a justiça por linhas tortas.
Com frequência, senso e contrasenso contaminam-se.
Tendo esquecido, foi-se a premência.
O louco amor vira tumor.
Não obstante, o final é sempre a libertação.
Raiva, mágoa, não valem um grão da ampulheta.
Nada que um placebo não cure.
Quem se foi, que se vaya con Dios.
Do idílio ao purgatório, num deslizar de dedos.
Pode dar certo um mundo em que um apetrecho
que cabe
na palma da mão,
faz as vezes do conhecimento humano ?