sábado, 11 de março de 2017





                AFORISMOS POLITICAMENTE INCORRETOS  




  

Todos são iguais perante a lei, o problema é que a lei 
não é igual para todos.

Todo mundo tem direito a opinar, menos mal que ouvir é facultativo.

Todo mundo quer ser rico, admirado, famoso
o problema é que a pobreza, a rejeição e o anonimato 
são bem mais fáceis de conseguir.

O amor é infinito enquanto não é posto à prova.

Quem tudo quer, acaba pondo a mão na cumbuca.

O Brasil é o país de um futuro que não chega; mas a conta, sim.

Antigamente, dizia-se que o consolo de ser honesto era poder dormir com a consciência tranquila; hoje, é o de não ser acordado pela Polícia Federal às 6 da matina.

Não se consegue persuadir quem não vale a pena ser persuadido.

Futebol, política e religião não se discute, proclama-se. 

Artistas e celebridades são seres que a gente admira, idolatra, 
até que abrem a boca para emitir opiniões estapafúrdias 
dignas de repulsa.

Era tão correto e íntegro que preferia disfarçar, para não ficar malvisto.

Em tempos de massificação midiática, pensar por conta própria virou um luxo.


Não deixa de ser curioso que os políticos sejam tão criativos
para roubar, saquear e engendrar seus esquemas criminosos, 
e tão sem imaginação quando pegos com a boca na botija. 
Negam tudo, nunca sabem de nada, 
mesmo quando flagrados com maços de dinheiro na cueca, 
e milhões em contas clandestinas na Suiça. 
Só abrem o bico quando não tem mais saída, em delações premiadas quer acabam confirmando tudo aquilo 
e um pouco mais do que vinham desmentindo. 
Ou seja, se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão.




 

domingo, 5 de março de 2017



                

                                  BELO E INSANO  






Como um barquinho de papel em água revolta.
Como uma planta que a chuva rega e o vento fustiga.
Como um inseto tardívago e sua trágica sina de vítima 
e predador.
Como uma flor que desabrocha, encanta e despetala 
num lapso de tempo.
Como um pássaro caído do ninho e abandonado à própria sorte.
Como um fugaz arco-iris no horizonte, depois da chuva.
Como uma estrela cadente, que risca o breu da noite, subitamente.
Assim é nossa precária trajetória.
Assim é a metáfora da vida.
Linda e sofrida.
Perene e cruel.
Breve e misteriosa.
Que só Deus explica.
Se é que Ele exista.
Se é que Ele se importe com nossas provações,
com nossa sorte nesse mundo belo e insano.
Em que o amor e a dor são como unha e carne,
andam lado a lado,
e mudam de lado 
sem que nada possamos fazer.
Além de orar para um Deus que não nos ouve.



















sábado, 4 de março de 2017





                                                           O PATO




O pato desliza, à deriva,
nas águas poluídas do lago.

As carpas roçam suas plumas;
ele, imponente,
me espreita com seu olhar.

Sossegado, surge,
quieto, 
com muito tato, 
esse bicho bonito, o pato.

Mas, cuidado,
descuidado : logo ali,
no aguapé,
vejo, sinistro,
o jacaré ! 

                                 
Curitiba, meados de 1970, num banco do Passeio Público.

















terça-feira, 21 de fevereiro de 2017




                 
                              

                               A BESTA HUMANA



Nos domínios dos facínoras do Estado Islâmico, do exército de Bashar al Assad, do PCC ou Comando Vermelho; nas ações dos homens-bomba do fundamentalismo islâmico, e atentados gratuitos em que a tônica é a banalização da morte.

Nas mambembes aldeias africanas, em que milhões passam 
fome e vivem em condições sub-humanas, matando e sendo mortas em seculares conflitos étnicos fadados a auto-aniquilação. 

Nos morros e favelas dos grandes centros urbanos, em cujas edificações improvisadas a pobreza atinge seu grau mais degradante.

Nos bairros decadentes e suas ruas e becos sombrios, em que seres humanos se destroem, se vendem e morrem de inanição e overdoses.
Nas estigmatizadas cidades fronteiriças mexicanas, nas paupérrimas aldeias andinas, nos bairros periféricos das grandes metrópoles, nos guetos, praças e bairros barra-pesadas, berços da onipresente criminalidade contemporânea. 

No efervescente Oriente Médio, no sudoeste asiático, no leste europeu, onde a desigualdade social extrema se perpetua por conta de regimes autoritários e/ou divisões de classe ensejadas por seitas religiosas sectárias e discricionárias. 

Nos points de diversão, discotecas, boates e bailes de funk e putaria explícita, templos de uma juventude turbinada pelas drogas, bebidas e promiscuidade. 

Nos meios de comunicação, programações, publicações, redes sociais, praças esportivas, e manifestações pretensamente artísticas, espelhos do gritante rebaixamento cultural que caracteriza os tempos atuais.   

Nas inúmeras organizações criminosas que proliferam e se digladiam em todos os setores e quadrantes, manifestas em esquemas e sistemas fraudulentos, inerentes ao poder e a manipulação massiva e coercitiva da população, e mantidas na base da força ou do engodo religioso. 

Isto posto, cabe a pergunta : haverá alguma coisa, algum lugar que não esteja contaminado, conspurcado, vilipendiado pela besta humana ?  







segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017





                         A TURBA


A multidão está insatisfeita, 
quer fazer justiça com as próprias mãos.
Por as mãos nos poderosos. A burguesia 
que se cuide.
Da minha janela vejo, aflito,
o mundo soçobrando.
Tranco a porta. Escondo o meu ouro.
Que não é muito. Mas dá para o gasto.
A multidão está a minha porta;
nervosa, hostil, me espia feito um
animal à espreita da caça. 
A multidão me dá medo, me arrepia.
Fico quieto, 
no afã de passar despercebido.
Nem respiro, me encolho para não ficar
à mercê de seus tentáculos de polvo.

O que quer a turba ? Qual o motivo de tanta ira ?
Será a fome que se alastra, a miséria que se
tornou insuportável, 
o circo perdeu a graça ?
Ora, não foi sempre assim ? 
A multidão ferve, reclama, já não se
contenta com migalhas.
Ouço o seu clamor e perco o sono.
Confiro a tranca, que ruído é esse ?
Serão passos ou minha imaginação ?



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