quinta-feira, 16 de junho de 2022



                        precaução 






Ninguém perde por duvidar.

Por se precaver contra tudo o que vem do ser humano.

Confiar é a maior besteira que se pode cometer na vida.

Não é à toa que amor e amizade só prosperam na falsidade. 

Tente ser correto, sincero, para ver o que acontece. 

Um fala e o outro finge que acredita, e vice-versa : eis 

o arranjo perfeito.



quarta-feira, 15 de junho de 2022

terça-feira, 14 de junho de 2022



                                                            duas caras





Tudo é tão estupidamente insano que revoga toda 

e qualquer possibilidade de ser humano.

Desentendimentos afloram sob qualquer pretexto, ignorância 

e má fé campeiam. 

Ajudar o próximo, fazer o bem, poucos dão valor.

Só vale pela satisfação pessoal. 

Nossos dias são marcados por conflitos, afrontas. 

Tudo que se faz de bom desaparece no pântano das incompreensões. 

O processo é desgastante e contínuo. 

Vai de uma relação à outra.

A norma é a decepção, o fracasso. 

As pessoas são intrinsicamente 

perversas, maldosas. 

O que torna o enredo suportável é um, cada vez 

mais raro, altruísmo. Ainda que desencorajado, esmagado

pela egoísmo reinante.


Todos temos duas faces, duas caras : uma pública, outra privada.

Nada mais difícil do que conciliá-las.

Ninguém é o que parece. 

Quem já não se enganou redondamente com pessoas 

que na superfície são uma coisa, e no íntimo

se revelam outra, totalmente diferentes ?

De um jeito ou de outro, o desencanto é inevitável.

A medida que você conhece as pessoas, uma barreira, 

um muro, um abismo vai se formando.

Há que ter a manha de construir pontes. 

Acender uma vela para Deus e outra para o diabo.







  






   

segunda-feira, 13 de junho de 2022

 

      

   faltas e ignorâncias





A vida requer muito da gente.

Mais do que podemos entregar.

A confusa mente, mente, trapaceia, faz de tudo 

para ostentar um conhecimento que não possui.

Não o suficiente para evitar transtornos de toda espécie.

Somos aqueles que rastejam à procura de nossos próprios

e tortuosos fins.

Buscando recompensas para nossas faltas e ignorâncias.

Alheios ao fato de que tudo tem seu tempo.

Vidas secas e sem rumo escorrem pelas paredes.

Quem nunca pensou em suicídio ?







                                      gênese 



                                  


                            

Em que ontens me perdi ?

Não ter renunciado foi meu erro.

As coisas que podiam ter sido me punem.

O amor não devidamente compartilhado me sentencia

a cumprir a agonia de esquecer.


Esquecimento que é vingança e perdão.

Ao mesmo tempo perto e longe da sabedoria.

Em atos que prescrevem seu caminho, que permitam

viver sem amargura nem soberba.

Recordar os dias de ouro alheio as secretas leis eternas.

Para poder te ver, ó musa infiel,

inocente como um animal que é presa.


Ergo os olhos sobre a crepuscular farsa de formas difusas,

e me vejo abençoado por sobreviver 

a conversão de todas as coisas. 

Refeito aquém do engano, entressonho o sonho 

que rege minha renovada gênese.  

.




 

 

sábado, 11 de junho de 2022



                                     deslembranças





Na quietude das ruas, as casas estendidas em silêncio dormiam.

Tudo permanecia quieto. Sem calúnias, apenas

um fundo suspiro diante das coisas não reveladas.

Coisas que dormiam em silêncio, em meio as deslembranças

estigmatizadas como sombras ensanguentadas.


São as deslembranças que nos transportam

para o recomeço. Imaginando

uma nova vida fresca e incompreensível.

Para esquecer-se. Passar-se sem um pedido, sem um grito,

como se o coração não soubesse de nada.

Não vibrasse mais.

Como se o corpo que morava ali fosse outro corpo,

fora do corpo. Esmaecido de Sol. 

E que ao depor a paz que remove o amor do peito,

descobriria o sinistro.

Saberia dos mistérios.

Da dor da traição.

Pungente como girassóis ardentes.




 

quinta-feira, 2 de junho de 2022



                      travessia


Foi uma longa travessia.

Cheguei a achar que não conseguiria.

Aliás, às vezes penso que ainda não consegui. 

Chegar à terceira margem.


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