quinta-feira, 4 de agosto de 2022



                                O TRATO





Que nunca nos falte razões para viver. 

Ainda que rarefeitas.  


Que nunca nos falte alguém ao lado. 

Mesmo não sendo quem desejaria.


Que nunca nos falte saúde, fé.

O resto a gente tira de letra.


Que nunca nos falte lucidez, empatia.

Para que a JUSTA LEI MÁXIMA DA NATUREZA

cumpra a sua parte.




quarta-feira, 3 de agosto de 2022



                      

                   OS ARRIMOS DA CRIAÇÃO






O diabo é que em alguém a gente tem que confiar.

Imprecações não são bem-vindas. Mas há exceções. 

O fio da meada é o fio de Ariadne.

Se as coisas não forem complicadas, que graça têm ?

Como já dizia meu pai, ninguém perde por ser cauteloso.

Em briga de cão e gato, quem ganha é o rato.

Meus melhores versos Rimbaud já escreveu.

Nada do que eu supunha aconteceu.

Não fomos feitos para amar o próximo incondicionalmente.

Passeei invisível pelo shopping. 

Habituar-se à lâmina, para não sentir o corte.

Habituar-se à divergência, para tolerar a incompreensão.

A virtude é uma causa perdida.

Depois da curtição, vem a ressaca sinestésica.

Lua nua em água lenta articula náiades concupiscentes.

Vontades infelizes vão além dos enganos. Continuam sem

medir a iniciativa e as consequências.

Benditas sejam as criaturas pacíficas, inermes, que não fazem

mal a ninguém, 

crustáceos, moluscos, galináceos, toda a família

dos bovídeos, pássaros, caracóis, grilos, sapos, borboletas, 

besouros...

Os arrimos da Criação. 



 





 







segunda-feira, 1 de agosto de 2022



                 a dívida





Lembro da minha avó na varada, sentada na cadeira

de balanço, tricotando e tagarelando sem parar 

no alemão de colonia, que foi meu primeiro idioma.


Lembro da primeira vez que vi o mar, em Matinhos, 

litoral do Paraná, e do susto que levei ao confundir 

golfinhos com tubarões. 

Vida sem ternura e loucuras não é vida. 


Amanhece limpo o dia lavado pela chuva.

Como deve ter sido quando Ulisses voltou para sua 

Penélope intocada.  

Santa Penélope ! Padroeira (madroeira ?) das mulheres fiéis.


Perorações gentis intercedem por nós.

Não é preciso ser Hércules para carregar o peso do mundo.

Espiga de milho ou girassol ? O sol que resolva.


A faca como parábola de vida, como nos tempos das ciladas frias 

e cálidas.

Fogueiras lúdicas, vulvas fulvas em especulações fálicas.

Onde a verdade de cada um morre.

Remorsos letais roem os restos de minhas tímidas alegrias. 


Na desagregação dos sentimentos, a nausea da podridão

do mundo.  

Uma ponte, uma rosa, cristais intocados, laranjais quiméricos : 

aqui jaz a fábula perfeita. O cansaço acende os archotes 

dos vieses inexplorados. 

Um lamento sombrio apaga a noite.


Feridas que se curam com o pranto rompem os mistérios. 

A noite perpétua, a alma balsâmica, o coração ferido e fatigado.

No fundo, não há nada pelo qual valha a pena chorar.


Buscando a dureza do meu destino, já nada tenho à esperar.

À sombra de meus desígnios, busco tão somente quitar 

minha dívida. 

Por ter sido mais feliz do que mereço. 






 








 






 





                         o descanso do guerreiro




Segunda-feira talvez eu faça, ainda não sei.

Melhor seria na terça.

Se bem que quarta é o ideal.

No máximo quinta...

De sexta não passa.

Porque sábado e domingo é sagrado,

descanso do guerreiro.

Ninguém é de ferro, né ?





 

domingo, 31 de julho de 2022



                     o homem arbitrário





Sofre sem dor

Se acovarda sendo audaz

Celebra a vida, esquecendo-se dos mortos

Entrega-se aos prazeres, desmerecendo o amor

Aprende fazendo loucuras

Descobre-se ateando fogo às vestes

É sempre assim, o homem e a besta que o possui.

O homem e seu dinheiro

O homem e seus segredos

Dividido pelo mundo

No tempo inaudível

No tempo que goteja

Homem cego, mutilado, corrompido

Acende um cigarro, sente naúsea do mundo

Vê nascer dentro de si o coração de pedra

Castigado pelo azul do verão

Crucificado na cama nupcial

De ansiedades vãs sofre

Herói e covarde

Duro e leal, ama os conflitos, atrás da fábula perfeita

Continua, não desiste, não esmorece

Persegue a própria sombra como um cão perdido

O homem-parasita

O homem-latrina

O homem-vampiro

O homem que chora, é gentil, intrépido

De todas as matizes, com seu coração arbitrário

Que, de fato, é bastante e demasiado.

Seu erro foi ter nascido. 



 



 




                 mais do mesmo





Falta instrução.

Falta educação.

Falta vergonha na cara.

Falta asseio, indignação, vontade.

Em suma, falta-nos tudo. 

O que esperar do futuro, senão mais do mesmo ?

Governantes inescrupulosos, vilipêndio, assalto 

aos cofres públicos.

"Cada povo tem o governo que merece". 

Josepf-Marie Maistre(1753/1821) 



 

sábado, 30 de julho de 2022



Com o consentimento dos deuses (orixás ?),

outros tempos virão. Diferentes destes.

E lamentar-se-á que tenham passado.

Porque o futuro é ainda mais tenebroso.



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