segunda-feira, 25 de julho de 2016



                SE...
( Tributo a Rudyard Kipling)





Se és capaz de manter a calma e a esperança em meio a rotina de transgressões, falcatruas e violência generalizada que nos agride a torto e à direita.

Se és capaz de conviver bovinamente com toda sorte de mazelas e ilicitudes que maculam indelevelmente a reputação e a autoestima de nosso amado país; e ainda assim aceitar, compactuar e apoiar os responsáveis por esse estado de coisas, em nome de interesses e convicções político-ideológicas sectárias e retrógradas.

Se és capaz de, não obstante o descalabro parido pela escumalha petista, ignorar todo o histórico de falcatruas e embutes fartamente demonstrado e esmiuçado pela Justiça (a do bem), e ainda assim acolher o capo di tutti capi  como salvador da pátria.

Se és capaz de acreditar e se deixar abduzir por meias-verdades e apelos de uma mídia essencialmente manipuladora e mercantilista, dando ouvidos aos charlatões e impostores transvestidos em formadores de opinião.

Se és capaz de prestigiar e idolatrar artistas e celebridades que não se constrangem em declarar apoio ao partido político mais corrupto e imoral de nossa história.

Se és capaz de sofrer e até de brigar por coisas irrelevantes como o mercantilizado futebol; se és capaz de passar horas vendo supra-sumos da vulgaridades televisivas como o BBB, a Fazenda, e outros bichos. Se és capaz de se deixar abduzir por joguinhos virtuais, games, youtubers e congêneres; curtir excrescências como o funk de periferia, que afora o nível abominável, se notabiliza pela apologia ao banditismo, violência e libertinagem. 

Se és capaz de apesar dos logros, dos roubos, dos escândalos, das mutretas, continuar trabalhando, cumprindo com suas obrigações de cidadão, pagando impostos, taxas, juros obscenos aos bancos, e nas eleições, reelegendo os picaretas de sempre. 

Se és capaz, enfim, de não obstante as privações e do dinheiro curto, comparecer com o dízimo compulsório das IURDs da vida; pagar fortunas para ver shows de pseudo-artistas e espetáculos de quinta categoria; e de, como no meu caso, não perder a mania de escrever mal-traçadas que ninguém lê, a não ser a fraternal galerinha de sempre, então, parabéns, não és apenas tolo e turrão.
És o homo boobus por excelência.




PS. Homo bobbus é como o jornalista norte-americano H.L.Menckem, que fez fama na década de 30 por sua verve ferina e satírica, chamava as pessoas incapazes de depurar e racionalizar os fatos.



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