sábado, 22 de abril de 2017



CONTRA O VENTO E A MARÉ  





É no mínimo intrigante, para não dizer emblemática, a postura de ex-coleguinhas de jornalismo. Ao longo do ano e meio em que comecei a interagir nas redes sociais, e sendo do ramo das letras boa parte de meus amigos virtuais, pude observar três grupos de comportamentos bem distintos, que destrincho abaixo. Mas, atenção :  sem intenção de desabonar ninguém, já vou avisando de antemão, pois ô raça de casquinhas de ferida...
Há os que não se manifestam criticamente sobre questões relacionadas à antiga profissão, e portanto, não se posicionam nem curtem as opiniões à respeito; os que, embora do ramo e ainda na ativa, se entretém a postar amenidades e fotos fofinhas de crianças e bichinhos de estimação; e a exígua porém divertida turminha do barulho, ou seja, petistas ou jihadistas empedernidos que encaram as opiniões divergentes como se fossem ofensas pessoais. Divertida porque me divirto ao pensar nos fujões que me bloqueiam e fogem da raia com o rabo entre as pernas.
Vai daí que por um motivo ou outro, meu já reduzido contingente de ex-colegas e companheiros da antiga profissão está sempre sofrendo defecções. Volta e meia sinto falta de alguém na lista, obviamente por ter sido bloqueado, o que sempre me deixa encucado sobre o que terei escrito assim de tão terrível para ferir a couraça que o bom jornalista adquire no decurso da profissão. 
Uma couraça, para minha surpresa, nem sempre permeável ao contraditório, que é a essência da profissão, e tão pouco receptiva ao debate de ideias. Ora, jornalista que não for capaz de conviver com posições contrárias e respeitá-las, desde que civilizadas, francamente, para mim só pode fazer do clube de impostores e charlatães que infestam a imprensa, no ensejo do fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. Pode ser tudo, menos se apresentar como jornalista de verdade.

Por mais que o jornalismo tenha virado uma espécie de casa da mãe joana, franqueado e exposto à toda sorte de tipos e aberrações - como o tal blogueiro petista que, de tanta bravataria e provocações baratas, acabou conseguindo seus momentos de fama ao ser enquadrado pelo juiz Sérgio Moro -, o fato é que há distinções indeléveis entre o papel institucional da profissão para o labor meramente conceitual e ocasional. Ou seja, entre quem exerce profissionalmente a atividade e os paraquedistas de todos os setores infiltrados no meio.
O primeiro, devidamente formado e preparado para exercer o ofício em sua plenitude, e como tal, no papel de incansável operário à serviço da verdade e da elucidação dos fatos. Ou seja, sempre contra o vento e à maré. 
O segundo, um mero intérprete de fatos e formulador de opiniões, baseado em material geralmente de segunda mão,  e manipulado conforme as conveniências de momento. Ou seja, sempre a favor do vento.
Sacaram a diferença ? Já se acharam nesse mar revolto ?



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