domingo, 29 de outubro de 2017


         ANIMAL NOTURNO


para meu filho Allan



Uma angústia contumaz me encarquilha a alma
Habita em mim silenciosa e sorrateira
Como um animal noturno
Deambulando no labirinto soturno 
Do subconsciente e da imaginação
Sequaz e tenaz
Não mostra a cara
Não mostra as garras
Não crava os dentes 
Ainda assim pertinaz e feroz
Fera e algoz
Fere sem sangrar
Mutila sem matar
Sentimentos que teimam em aflorar

A angústia que me consome tem nome
Foi o nome que te dei !
Cria que se fez homem
A quem tudo que sei e não sei, ensinei
Que amei, amo, e sempre amarei
Mesmo a recíproca não sendo verdadeira
Mesmo talvez não sendo sangue do meu sangue
Filho de quem serás ?
Pai de quem serei ?

Castigo pressupõe culpa
Indiferença supõe desapego, desamor
Não sei o que fiz, não sei que mal te fiz
Talvez morra sem saber
Talvez melhor não saber
Deixar como está
Eu e minha angústia que aprendi a domesticar
Animalzinho noturno
Companheiro de noites insones
De sonhos em que somos íntimos e parceiros
Como antigamente.
Quando ainda eras meu filho
Quando eu ainda era teu pai...

  



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