quinta-feira, 26 de outubro de 2017


                         EU, POR EU MESMO






Nem bom, nem mau
Nem tímido, nem cara de pau

Nem macambúzio, nem espaventoso
Nem manhoso, nem espaçoso.

Nem forte, nem frouxo
Nem ancho, nem trouxo 

Nem melhor, nem pior
Nem vil, nem varonil

Nem eloquente, nem calado
Nem liberal, nem libidinoso

Nem filantropo, nem misantropo
Nem bacana, nem sacana

Nem bonito, nem feio
Nem crente, nem incréu

Nem fraco, nem machão
Nem herói, nem vilão

Nem herege, nem santo 
Nem Fausto, nem Mefisto 

Nem gato, nem rato
Nem esperto, nem gaiato

Nem pilhado, nem malemolente
Nem irado, nem benevolente

Nem agradável, nem circunspecto
Nem afável, nem chato.

Nem piano, nem violão
Nem de terno, nem de calção 

Nem de chapéu, nem de turbante
Nem infame, nem infante

Nem a pé, nem de trem
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra

Nem pau, nem pedra 
Nem isto, nem aquilo

Sem rodeios nem atropelos
Sem salamaleques nem rapapés

Sem disfarces, nem bonifrates
Eis-me aqui, poeta de araque.















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