domingo, 25 de fevereiro de 2018




       CAINDO NA REAL

                            1.

Quando te perguntarem por mim,
me faça um último favor :
diga o que realmente aconteceu.
Ou diga que morri.
Assuma, deixe de subterfúgios
desconversar pra quê ?
Abra o jogo, conte para os outros
o que esconde de mim.
Fala que sou uma fraude
ou qualquer coisa do gênero.
Bote para fora toda bronca e mágoa.
Talvez te faça bem desabafar.
Se é que isso vá fazer alguma diferença.
Se é que essa situação te incomoda,
como incomoda a mim.
Renegado pelo próprio filho.
Sem saber porquê.
Pensando bem, esquece.
Deixa estar.
Um dia a ficha cai.
A minha ou a sua.
Se é que já não seja tarde. 

                                 2.


Já não espero nada de ninguém.
Afeto, amor, tudo acaba.
O tempo é implacável.
Só o que nos resta é manter as aparências.
Cumprir com as obrigações.
Fazer o dever de casa.
Pagar as contas, andar na linha,
dentro das convenções de praxe.
Que consistem em um monte de obrigações,
sem qualquer reconhecimento.
Seja por parte das instituições, dos agentes públicos,
seja por parte das pessoas,
principalmente as mais próximas.
Não espere que te estendam a mão.
Não espere compreensão, boa vontade.
Todo mundo só pensa no próprio umbigo.
Você só terá valor e aceitação
na medida que for útil, que corresponda 
as expectativas alheias.
Por sinal, sempre elevadas.

                                  3.

Não se iluda, não se engane com as aparências,
seu conceito está diretamente
vinculado ao que pode dar e oferecer.
Caia na real, sem drama.
Suprima qualquer expectativa.
Arquive os antigos sentimentos.
E deixe o tempo fazer o resto.
                                




  

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