domingo, 25 de fevereiro de 2018




       CAINDO NA REAL

                           

Quando te perguntarem por mim, me faça 
um último favor :
diga o que realmente aconteceu.
Ou diga que morri.
Assuma, deixe de subterfúgios
desconversar pra quê ?
Abra o jogo, conte para os outros
o que esconde de mim.
Fala que sou uma fraude

ou qualquer coisa do gênero.
Bote para fora toda bronca e mágoa.
Talvez te faça bem desabafar.
Se é que isso vá fazer alguma diferença.
Se é que essa situação te incomoda,
como incomoda a mim.
Ou deixa estar.
Um dia a ficha cai.
A minha ou a sua.
Doa a quem doer.

                                 
Já não espero nada de ninguém.
Afeto, amor, tudo acaba.
O tempo é implacável.
Só o que nos resta é manter as aparências.
Cumprir com as obrigações.
Fazer o dever de casa.
Pagar as contas, andar na linha,
dentro das convenções de praxe.
Que consistem num monte de obrigações,
sem qualquer reconhecimento.
Não espere que te estendam a mão.
Não espere compreensão, boa vontade.
Todo mundo só pensa no próprio umbigo.
Você só terá valor e aceitação
na medida que for útil, que corresponda 
as expectativas alheias.
Por sinal, sempre elevadas.

                                 
Não se iluda, não se engane com as aparências,
seu conceito está diretamente
vinculado ao que pode dar e oferecer.
Caia na real, sem drama.
Não alimente expectativas.
Não guarde ressentimentos, 
e deixe o tempo fazer o resto.
                                




  

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