A propósito da vida que tivemos
De tudo que vivemos e não satisfez
De tudo que podíamos ter feito e não fizemos
Eu mais do que tu, tu menos do que devia
Tu cansada, eu saturado
Ambos resignados como gado rumo ao matadouro
A propósito de tudo, vagamos à esmo
Chegamos a lugar nenhum : o passado já não conta
Foi-se o que não imaginamos que se fosse
Por quê, culpa de quem, já não importa
Acabou, simplesmente
A propósito do enredo de sempre
A propósito, de propósito, sem propósito
Burlamos os próprios sentimentos
De não termos um propósito maior
Despojados de uma vida que valha a pena
Como um barco à deriva, adernamos
Sem terra à vista, naufragamos.
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