domingo, 19 de agosto de 2018


HUMANO



                       
O que somos no íntimo ninguém sabe
O que fazemos entre quatro paredes
é melhor que ninguém saiba
Todos tem segredos, medos, desejos inconfessáveis
E no entanto, nos arvoramos em julgar os outros
como se fossemos a palmatória do mundo
Quanta hipocrisia ! Quanta falsidade no bojo de tudo
Quanta incoerência naqueles que se insurgem 
e agem como se estivessem isentos de culpas e pecados
quiçá ainda piores daqueles que condenam

O que somos no íntimo só nós sabemos
E às vezes, desgraçadamente, nem nós sabemos
Cegos pela arrogância e vaidade
Escravo das convenções e aparências
Um mundo nos separa. 
Muros, desejos
Infâmias
Lágrimas de sangue
Pensamentos torpes
Hipocrisia
Somos podres por dentro
Pobres de espírito, e nem nos damos conta
Ter consciência disso nos faz melhor
Eventualmente nos redime
Sem precisar de perdão
Não precisamos do perdão de ninguém
Só de nós mesmos
Pois só nós sabemos de nós
De nossas motivações e fraquezas
Foda-se os falsos moralistas
Os donos da verdade
O que me sufoca é o que me liberta
O que eu tenho de melhor
É o que eu tenho de pior
Pois são minhas fraquezas que me tornam humano
É o que me permite seguir em frente
Acreditar, confiar, e amar, amar de novo
Mesmo quebrando a cara
Quantas vezes for preciso

Não, não busco a perfeição fingida
Não quero a afeição dissimulada
Prefiro o buraco no peito
O choro do arrependimento
A ilusão de poder ser feliz
Sendo unicamente o que eu sou
Como sou
Fraco, instável, inseguro
Humano...
   



   




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