segunda-feira, 6 de agosto de 2018

                
       agora que nada mais me prende a nada





Agora que nada mais me prende a nada,
que nada mais me oprime e tolhe,
quero tudo ao mesmo tempo.
Tudo que deixei de viver, de ter.
Tudo que me era sonegado.
Ao viver uma vida que não era minha.
Que era meramente repartida.
Daí a gangorra em que vivia.
Ora contente e resignado como um animal domesticado.
Ora macambuzio, frustrado por me ver  cada vez 
mais isolado e depreciado.

Agora que nada mais me prende a nada,
que nada mais me constrange e condena,
sinto que acordei para a vida para qual
tinha adormecido.
Para os sonhos que pairavam como sonhos inalcançáveis.
E que por serem sonhos, podem ou não se consumar,
e mal algum me fará.

Agora que nada mais me prende a nada,
não me preocupo qual o destino que aguarda
minha nau sem rumo, meu exército de Brancaleone.
Tudo em mim reflui,
me evadindo de todos os cansaços.
Me apartando dos males e fantasmas do passado,
onde o real e o imaginário enfim se conciliam,
para uma nova e ardente realidade 
em que tudo é fervor e claridade.
  



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