sábado, 25 de agosto de 2018


                   simples e complicado






Cortar na própria carne, quem consegue ? 
Quem é capaz de assumir, aceitar, fazer o certo
mesmo às custas de dor e sofrimento ?

Quem é capaz de renunciar, por princípios, 
por um bem maior ?
Abdicar do prazer, ao conforto do momento.
Sobrepor-se à convicção do que é certo.
Pensar grande, ser digno.
Quem é capaz ? Posto que nada dura.
E em durando, talvez nem valha a pena.

Nesse mundo confuso, a única certeza 
é o bem que não temos.
Quando não precisamos fingir o que não somos.
Pois é assim que as coisas são no toma-lá-dá-cá 
escrachado da vida. 
Em que, como sabiamente disse um certo anjo 
pornográfico,
dinheiro compra tudo, até amor verdadeiro.


Sigo minha vida sem rumo do mesmo jeito de sempre.
Entre verdades, mentiras, certezas e incertezas.
Quero pouco, para ter tudo.
Colher a rosa antes que murche.
Viver o pouco que me resta transpondo 
os males irreparáveis.
Deixar que as coisas fluam, e o tempo enxugue 
as lágrimas da minha inútil solicitude. 

Cortar na própria carne... Por quê ? Para quê ?
Se ninguém entende, dá valor ?
Não obstante, quero ser sempre o que sou
Capaz de cortar na própria carne...

Sou o que sou, e é o que me basta.
Aquele que se doa incondicionalmente.
Aquele que sente tudo de todas as maneiras.
Que não se cala diante de sacanagens e injustiças.
E que de tanto ir ao fundo de existir,
fez-me velho antes do tempo...

O que é feito dos propósitos perdidos
e dos sonhos impossíveis, 
com que minha alma ainda sonha, 
distante e distraída ?
Que vida, essa !
Tanta fúria, tanta falsidade !
A carne rasgada, o coração dilacerado, quem se importa ?
Perco-me de mim ao ver que não pertenço a isso.
Ao status quo reinante.

Ah, como posso pensar, sonhar com coisas
que só existem em minha imaginação ?
Na sinceridade e lealdade das pessoas.
Sentimentos humanos tão simples e tão complicados.
Como simples e complicado é o amor,
Como simples e complicado é viver... 








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