sábado, 25 de agosto de 2018


                                 VIDA






Como sempre, a aurora irrompe de mansinho, 
bela e redentora como a Virgem Maria. 
Vem livrar-me do desassossego que me consome 
em noites insones,
em que cumpro meu purgatório em vida

Manhã que, no entanto,
nada de especial traz, além do trinar teimoso dos pássaros. 
Dos ruídos da cidade grande,
que desperta aos poucos, conquanto nunca durma,
febril e enferma como a vida.
Vida que é sempre a mesma,
fuga suave em que o destino se cumpre,
sob a tutela de deuses desconhecidos e cruéis.

Manhã, provê hoje o que sou merecedor.
Indiferente a tudo, ao que sinto e não sinto,
desperta em mim quem eu sou.
Antepondo-se ao que me foi sonegado.
Ao que a vida dá e tira.




                                   

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