O SONO DOS JUSTOS
De dia, a labuta,
O pé na estrada, o pó na cara
O pão que o diabo amassou para engolir
O pega pra-capar da subsistência
A luta insana e inglória
Para se manter íntegro
Tendo em troca a falta de reconhecimento
A falta de respeito
Na rua, em casa...
De noite, o cansaço,
O agridoce lar soçobrando
Sempre os mesmos problemas
A mulher insatisfeita, reclamando de tudo
As crianças brincando consolam
As crianças chorando aborrecem
A vida besta escoando pelo ralo
De dia, o sol na cara, a chuva no lombo
Das desditas desviando,
Nos escombros se virando
O patrão sempre insatisfeito
O dinheiro sempre insuficiente
A merda da vida grudando nos sapatos
De noite, a volta para a incerta casa
A mulher já não é a mesma
As crianças nem percebem quando chegas
Só o cão amigo te faz festa
As contas atrasadas amontoam
A mulher vendo televisão na sala
Enquanto tentas dormir
O sono solitário dos justos
Que amanhã tudo recomeça...
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