A FÓRMULA
Alegrias e tristezas
são como unha e carne.
Não desgrudam, irmãs siamesas.
Vão e voltam, em metódica simetria,
até que atitudes e o tempo rompam o pacto entrelaçado.
E a lei do retorno prevaleça.
Inútil tentar entender o porquê das coisas,
se nem a própria família em comunhão caminha.
Somatória do que não conseguimos entender,
mistura de genes, partículas, esperma,
o DNA nos define.
Ou não ?
Talvez o acaso, os astros, o meio ambiente, falem mais alto.
Ou um pouco de tudo.
A vida é o que é. Decifrá-la é perda de tempo.
Tudo muda muito rapidamente.
A morte ronda, traiçoeira,
mas quem deve morrer, não morre.
Porquê ?
De quantos perigos se livraram os conquistadores
que moldaram a fase da humanidade ?
O que explica a boa sorte dos facínoras
responsáveis por milhões de mortes,
aparentemente sob a guarda de deuses
sanguinários e vingativos ?
A forja da vida não tem lógica.
Ninguém escolhe seu destino, o destino é que nos escolhe.
Para o bem e para o mal.
Tarefas que somos forçados a executar.
Missões que somos obrigados a cumprir.
Por votos de insana obediência cega.
Quem pode se opor a mão pesada de quem julga e sentencia ?
Na grandeza humana embrutecida e falsificada,
só o conhecimento nos redime.
Entre alegrias e tristezas, nunca nos bastamos.
Incautamente, abdicamos dos bens mais preciosos,
o amor, a vida simples, família, amigos.
Nada aquieta o atormentado espírito.
A mão estendida se recolhe quando mais precisamos.
A compaixão não é mais do que um efêmero lampejo.
Os infortúnios alheios nos comovem, mas não nos
tiram da cômoda letargia.
Somos solidários até certo ponto.
Até o nível de nossa perdulária consciência.
Ser feliz, suprimindo-a, eis a fórmula.
O lema dos sociopatas...
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