Aconteceu. Eis que o azul se tornou negro
debaixo de nossos olhos, de improviso,
sem que percebêssemos.
É o fim. E o fim é fulmíneo.
Adeus, adeus. Não era nada de especial,
não era um dia extraordinário, não era sequer
especialmente luminoso
ou especialmente escuro.
Nem muito bom, nem muito ruim;
não era um dia histórico, nem um dia
para se recordar.
Era um dia como qualquer outro,
nem triste, nem alegre;nem bonito, nem feio.
Quase um dia inútil.
Mas não havemos de vê-lo nunca mais.
Como qualquer outro dia memorável ou não.
* Adaptado do ensaio "Entre a mentira e a ironia",
de Umberto Eco (1932-2016).
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