segunda-feira, 27 de maio de 2019


            

       os mentirosos e os donos da verdade





Uma pesquisa recente feita no Reino Unido apurou que as pessoas mentem ou distorcem mais da metade das coisas que falam durante um único dia. Já pensou ? 
Fiquei curioso e pensei em fazer um teste comigo mesmo, retroativamente, é claro, mas desisti porque eu, sem querer sem melhor que ninguém, cheguei num estágio da vida em que praticamente não minto. 
Não só porque vivo praticamente sozinho, e com as poucas pessoas com que me relaciono as conversas são quase só sobre banalidades, mas, sobretudo, porque não preciso mais mentir. Não tenho mais razões para mentir. Afora o fato de estar mentindo agora...
O problema é que a mentira em si não é o maior problema, se me perdoam a redundância. De certa forma, em certa dose, mentiras são necessárias, não há relação que se sustente sem elas. Outro dia ainda revi um filme antigo do Jim Carrey, talvez o melhor dele, "O Mentiroso", em que seu filhinho pediu a fada madrinha, como presente de aniversário, que o pai, mentiroso e embromador de carteirinha, como todo advogado que se preze, passasse ao menos um dia sem falar mentiras. Imagine, um advogado, em pleno tribunal, ter que falar só a verdade... Hilário. Acabou sendo preso por desacato...
Mas acabou servindo de lição, e o final foi bem bacana, fodido mas reconquistando a confiança e o respeito não só do filho como da própria ex... que inveja. 
Mas voltando ao tema, mentir, sobretudo mentiras sinceras, bem intencionadas, são a chave de todos os relacionamentos bem sucedidos. Sem ironia, sem falso moralismo. No mínimo, omitir. O que não deixa de ser uma mentira.  Encrenca bem maior, quase sempre incontornável, é a distorção dos fatos, da realidade, às vezes até não por má fé, desonestidade intelectual, mas limitação mesmo. 
São os chamados donos da verdade, pessoas convictas e intransigentes em seus pontos de vista, na maneira de encarar as coisas, que simplesmente rejeitam a versão, a verdade dos outros. 
É mais ou menos como bater de frente num muro. Pode-se dialogar, argumentar, apelar para tudo, mas quando a outra parte bloqueia, se nega a dar crédito a qualquer outra coisa diferente do que pensa, a possibilidade de entendimento - e de convívio duradouro - é praticamente nula. Ainda mais àquelas que apelam para a religião e preceitos bíblicos para corroborar suas fantasiosas e monolíticas teses. 
A mesma pesquisa chegou a conclusão de que a humanidade, grosso modo, se resume a três categorias : a dos que não sabem nada e sabem disso; a dos que não sabem e pensam que sabem (a grande maioria); e a dos diferenciados que tangem a boiada. 
Ainda não sei em qual delas me enquadro melhor.   







Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

                      o palhaço da Criação Justiça seja feita à espécie humana : não há nada mais tosco e degenerado no reino de Deus. Filho...