quarta-feira, 12 de junho de 2019







                        se eu morrer amanhã






Se eu soubesse que ia morrer amanhã, 
nada de especial me ocorre fazer.
Provavelmente, as mesmas coisas de sempre.
Não iria procurar ninguém para me despedir
E muito menos para me desculpar,
pelo que fiz ou deixei de fazer. 
O que está feito, está feito, é tarde para consertar.

Também não tentaria me reconciliar com Deus,
pois seria muita hipocrisia.
E Ele saberia.
Nada de preces ou arrependimentos tardios.
Estou preparado para ser julgado por meus atos,
Responder por meus pecados.
Que foram muitos, alguns imperdoáveis.
Que me valeram o desprezo de pessoas que muito amei.
Quem sabe o tempo me faça justiça.

Não deixaria nenhum carta de despedida. 
Essas baboseiras que não servem para nada.
O que fiz em vida que fale por mim.
Quando muito, que deem um fim digno à velha carcaça.  
Se algum órgão pode ser aproveitado. 
E o que sobrar, a exemplo da minha mãe,
dispenso velório.
Pois como disse a velha,
não quero ninguém chorando lágrimas 
(de crocodilo) em cima do meu caixão.

Que incinere-se o corpo, 
e espalhem as cinzas em qualquer lugar
como tributo a vida boa que tive.
Ou joguem na privada.
Por mim tanto faz.
Não me ocorre fim mais apropriado
para esse melancólico fim de jornada.





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