terça-feira, 11 de junho de 2019
SER HUMANO
Interessante como a vida da gente de repente pode encolher, ou desidratar, para usar uma expressão da moda. Quando vemos o trabalho afundar, a família desintegrar, a vida afetiva desmoronar, distante dos poucos amigos, agarrando-se a alguns poucos interesses para segurar as pontas.
Tudo isso numa espécie de efeito cascata, como à corroborar a velha tese de que desgraça pouca é bobagem.
Como adepto da teoria da lei do retorno, acredito que tudo, ou quase tudo o que nos acontece, é consequência de nossos próprios atos. Das opções, crenças, maneiras de como lidamos com as peripécias e trapaças da vida. Processos em que os erros e trapalhadas são inevitáveis e de certa forma, vitais para o conjunto da obra, pois são através deles que se dá o crescimento e a sabedoria para seguir em frente sem desabafar. E eventualmente, ser feliz, dentro do conceito que cada um tem de felicidade.
Quanto a impressão, que às vezes se tem, de que nada é tão ruim que não possa piorar um pouco mais, talvez seja em função da corrente de negatividade produzida por nossa mente, a cada porrada que levamos. É a única explicação razoável que me ocorre para explicar o verdadeiro círculo vicioso que se desencadeia em certas etapas de nossas vidas, mormente na velhice, levando tudo de roldão, e em casos extremos, ao nocaute.
Não faço segredo de que estive nas cordas algumas vezes. O castigo foi e continua sendo grande, os joelhos chegaram a dobrar, mas ainda não me curvei. Em poucos meses me vi descartado de um casamento de 18 anos, minha irmã Ingrid faleceu após dois anos lutando contra uma leucemia, sofri um golpe de um antigo parceiro comercial, perdi meu principal cliente por conta de um mal-entendido bobo, e otras cositas más, que prefiro nem comentar.
Não tenho como saber se o mais difícil passou, nunca se sabe o que o destino vai aprontar, mas espero que sim. Já me conformei com as perdas, também não me preocupo mais em resgatar coisas que não dependem de mim, e troquei a revolta e o negativismo pela resignação.
Estou consciente do que represento para as poucas pessoas que ainda fazem parte da minha vida. Felizmente, ainda não sou um estorvo para ninguém. Felizmente, ainda consigo ser útil e capaz de cumprir dignamente com meu papel de pai, provedor e ser humano.
Sobretudo, este, o de SER HUMANO. Com virtudes e fraquezas. Com qualidades e defeitos. Provavelmente mais estes do que aqueles, mas sempre colocando o coração acima de tudo.
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