domingo, 1 de setembro de 2019
PERDAS E GANHOS
Não trago mais nenhuma certeza.
Assim como qualquer ilusão.
Aprendi a lidar com as coisas que
foram derretendo em mim, como torrões de sal.
Sonhos, crenças ingênuas
que em sua conjectura distraída,
não são como arquitetamos.
São o que não são.
Querer, pensar, imaginar,
não passam de meros exercícios mentais
que a realidade teima em sabotar.
O amor que foi sem nunca ter sido.
Sentimentos que se tinha como invioláveis,
resumido a momentos, quimeras.
Na fuga de tudo que um dia fez sentido.
É neste ponto sem volta que encontra termo
o caprichoso enleio.
Mas que não pára por aí.
A revelia, ventos antigos varrem as dores esquecidas.
Às vezes não tão forte, mas não debalde.
O suficiente para os arrabaldes
da alma se recomporem.
O cansaço sem dor já não semear amargura.
Ainda que uma certa tristeza seja inevitável.
Em noites de chuva, madrugadas insones
que ensinam do tempo passado desapegar-se.
A refazer as forças ao fim das batalha perdidas.
Perdas não necessariamente irreparáveis.
Momentos após momentos, as despedidas são
permanentes,
mas a explosão ingênua dos desejos continua.
Tempo de saber que os enganos vingaram,
e a raiz da vida ficou mais forte.
O tempo das despedidas é o tempo dos reencontros.
Despedimo-nos das certezas,
refeitos no fato de que cada instante é diferente.
Que a vida é como uma planta que se refaz
enquanto a gente dorme.
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