terça-feira, 21 de abril de 2020




                                      A evocação dos tolos






Escrever é evocar o que não se consegue viver.
É projetar na escrita um mundo interior
que nem sempre, ou quase nunca, 
encontra correspondência na realidade.
Posto que o que se vê, 
o que se vive, 
não passa de interpretações pessoais de coisas
invariavelmente distorcidas,
meras versões fantasiosas do que,
cedo ou tarde, se revela completamente
diferente do que parecia.

Quem ama, 
ou pensa que ama, 
está sempre propenso à exageros,
juízos e conclusões equivocadas,
aos arroubos típicos da paixão.
Que como se sabe,
ofusca, obnubila o bom senso, a razão.
Daí não raro soarem patéticos,
inconvenientes, e até mesmo chatos
os versos com que se pretende enaltecer
a mulher amada, a musa inspiradora. 
Pior ainda quando 
no afã de reconquistá-la, 
fazê-la voltar,
evocando o antigo amor para ela, 
morto e enterrado.

Ao quê,
longe de compartilhar do mesmo sentimento,
sequer entender o teor de versos,
faz a gente parecer 
ainda mais tolo do que o normal.













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