sexta-feira, 8 de maio de 2020




                                       dona Dalila






Absorto aqui, na minha fortaleza da solidão, mais solitário 
do que nunca nesses tempos de pandemia,
me peguei pensando, como sempre acontece em meio a alguns tragos, numa das últimas conversas que tive com minha
finada mãe, enquanto ainda lúcida, mas já virtualmente pregada 
numa cama, na casa da minha mana Ingrid, que por 
sinal, Deus também levou pouco tempo depois.
"E você, meu filho, está feliz ?".
"Claro, mãe, por que pergunta ?"
"Porque me preocupo. Você sempre fez tudo por tua família, 
será que eles vão fazer o mesmo por ti quando tu ficar velho ? 
A tua mulher, tão mais nova que tu ?"
"Mãe...Não se preocupe. Ela me adora..."
Ah, minha mãe, dona Dalila. Não era nenhum amor de sogra, 
mas enxergava longe.



  




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